Fiquei muito feliz em conversar com o casal que hoje trago a nossa história do cotidiano, e que muito contribui e ainda contribui de forma exemplar na história da cidade. Foi um final de tarde muito agradável em que o Sr Raimundo e Dona Doralice partilharam um pouco da sua vida e como estão marcadas na história de Brejo Santo.
Raimundo Furtado, filho do casal
Raimundo João José Furtado e de Maria Ernestina da Conceição (in memoriam). O Sr
Raimundo nasceu no sitio Apanha Peixe, este ficou órfão de pai aos 10 anos de
idade, e desde cedo começou a trabalhar para ajudar no sustento da família, uma
das atividades era apanhar e rachar a lenha e vender na cidade, levava em um
jumento, duas vezes ao dia. Porém as irmãs Tacila e Francisca estudaram e ele
as acompanhavam, mas ele brincava ao invés de estudar. Depois aprendeu a arte
de sapateiro, andava uma légua ainda para ajudar assim a manter a casa. Ele
ainda pensou em viajar pra Fortaleza, mas não deu certo, surgiu assim a
oportunidade de vir pra Brejo Santo. Veio com dez companheiros, ainda
adolescente, mas com o passar do tempo ele permaneceu sozinho e os outros
retornaram. Ao chegar em Brejo Santo, ficou uns quatro meses sem voltar pra
casa, mas mandando dinheiro pra família. Mas ao voltar pra Mauriti não deu
certo o trabalho com o antigo patrão e resolveu voltar para Brejo Santo, eram
meados do ano 1957. Ao chegar em brejo Santo, começou a trabalhar com Chico de
Ioió com o oficio de sapateiro e tempos depois sua mãe e seus irmãos se mudaram
pra cidade. Sr Raimundo começou a construir sua vida aqui, e trabalhou em
várias funções: foi feirante com banca de miudezas, depois com sua rural
transportava passageiros e alunos de Brejo Santo a Juazeiro. Sr. Raimundo
assumiu a função de cambista, e foi assumindo um leque de profissões que o fez
um homem guerreiro e vencedor, não media esforços nos trabalhos que
executava. Assim à medida que ia
trabalhando foi construindo seu patrimônio, recorda que já tinha comprado um
prédio na Rua José Matias Sampaio, e depois se interessou pelo prédio atual do comércio
e de sua residência. Para comprar o prédio conseguiu o dinheiro com algumas
pessoas da cidade, foi uma luta, mas deu certo, pois o dono havia dado um
prazo, e diante disto ele arrecadou a quantia e chegou de prontidão, adquirindo
o prédio. Lembra que sempre que passava o prédio estava fechado, certa vez
procurou a dona que por sinal era Antônia Camilo, in memoriam, (Mãe Toinha Camilo),
eram uns quartos para aluguel, mas Sr. Raimundo deu a proposta de compra, a
qual foi aceita. Otimista começou a progredir e assim deu inicio com uma
bodega, inclusive passou dias sem movimento. Depois colocou um local para jogar
dominó, mas devido a alguns problemas em que os clientes começavam a se exaltar
e discutir desistiu, porque certa vez por intervenção de Dona Doralice, evitou-se
uma tragédia, entre um policial e um jovem, e assim resolveram não dar
continuidade com os jogos na bodega. Assim deu prosseguimento ao
estabelecimento comercial que permaneceu por muitos anos, hoje no local existe
uma lanchonete com prédio locado. O apelido de Raimundo Relógio, era por que
seu pai era mestre de rapadura e tinha a sabedoria de decifrar a hora, sem
olhar relógio e olhava pra o céu e dizia a hora exata e assim se propagou.
O casal possui uma bela caminhada
de Igreja, Sr. Raimundo é do Grupo Israel, da Irmandade do Santíssimo, Dona
Doralice do Grupo Fonte de Vida, Apostolado da Oração e o casal do ECC. Sua
filha Luci nos dá um belo exemplo com sua caminhada de Igreja, dando
prosseguimento ao legado dos pais. Dona Doralice dá um testemunho de mãe e
esposa que se dedicou de forma ímpar a família. Foram contemporâneos e amigos
de comércio de Carlos Martins, Chico de Ioió, Sr. Quintino enfim os que fizeram
parte da sua época e que ainda hoje possui comércio.
Sr. Raimundo assim nos deixa a seguinte mensagem: “A história do mundo e a convivência quem faz é a gente, é só procurar fazer o bem”. Belas e sábias palavras Sr. Raimundo, belo testemunho de família e de pessoas integras que merecem nosso respeito e homenagem. Obrigada por compor nossa história e construir junto um legado de comerciante respeitoso e de seus filhos que merecem também nossa gratidão.