quarta-feira, 25 de novembro de 2020

Vacinas contra o novo coronavírus já tem valores definidos.

Pelo menos cinco vacinas contra o novo coronavírus estão em fase final de testes no Brasil e em outros países. Por isso, a maior parte dos laboratórios já anunciou quanto custará cada seus doses no mercado internacional.
 
Algumas delas já tem, também, preço definido para o compra pelo governo brasileiro, como o imunizante desenvolvido pela farmacêutica AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford ou a Coronavac, da chinesa Sinovac Biotech – neste caso, o preço se refere ao contrato assinado com o governo de São Paulo.


Sputnik V (Instituto Gamaleya)
Nesta terça-feira (24), o Fundo de Investimentos Diretos da Rússia (RDIF), que financiou o desenvolvimento da vacina contra Covid-19 Sputnik V, anunciou que cada dose custará menos de US$10 (R$ 54 em conversão direta) no mercado internacional.

São necessárias duas doses para a imunização, elevando o custo total, por pessoa, para até US$ 20 (até R$ 107).

Em nota, o RDIF afirmou que esse custo é “duas vezes menor do que o de outras vacinas que utilizam o método mRNA”, uma referência aos imunizantes desenvolvidos pela farmacêutica Moderna, dos Estados Unidos, e ao criado pela norte-americana Pfizer em parceria com a empresa alemã de biotecnologia BioNTech.

mRNA-1273 (Moderna)
No domingo (22), em entrevista para o jornal alemão Welt am Sonntag, o presidente executivo da Moderna disse que o preço de cada dose da potencial vacina contra Covid-19 da farmacêutica vai depender da quantidade de doses que cada governo comprar.

A farmacêutica pretende cobrar entre US$ 25 (R$ 134) e US$ 37 (R$ 199) por dose – quanto maior o pedido que o governo fizer, menor será o preço de cada dose.

Como a vacina da Moderna contra a Covid-19 precisa de duas aplicações para garantir um alto índice de eficácia, o custo para imunizar cada pessoa será entre US$50 (R$270) e US$ 74 (R$400).


BNT162 (Pfizer)
A vacina da Pfizer ainda não tem um preço definido para o governo brasileiro. Apesar de a empresa ter afirmado que países mais pobres vão pagar um preço mais baixo por dose, nos bastidores, responsáveis pela negociação com a farmacêutica americana pelo lado do governo brasileiro têm classificado a empresa como “super inflexível” na negociação para aquisição de uma vacina contra a Covid-19.

A empresa já fechou um acordo com o governo dos EUA, que concordou em pagar US$ 19,5 (R$ 105) por unidade por 100 milhões de doses. O país tem a opção de adquirir 500 milhões adicionais, conforme termos a serem negociados separadamente, e o preço que pagarão por essas doses adicionais não está claro.

A Pfizer também chegou a um acordo com a União Europeia (UE), que pagará menos de US$ 19,50 por unidade para refletir, em parte, o apoio financeiro oferecido pela UE e pela Alemanha para o desenvolvimento do remédio.

Segundo o acordo da UE, os 27 países do bloco podem comprar 200 milhões de doses, e têm a opção de comprar outras 100 milhões.



ChAdOx1 nCoV-19 (AstraZeneca / Universidade de Oxford)
Em outubro, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) apresentou o contrato de Encomenda Tecnológica assinado com a AstraZeneca para a produção da vacina contra a covid-19. O acordo prevê que não haverá margem de lucro na aquisição dos produtos necessários para a produção da vacina até 1º de julho de 2021, quando expira o contrato.

Segundo o vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz, Marco Krieger, os termos negociados colocam o Brasil em posição de destaque no cenário global.

"Ao preço de US$ 3,16 (R$ 17) a dose, ela é considerada uma das mais baratas quando comparada às demais negociações que seguem em curso no mundo. O valor praticado, incluindo a transferência da tecnologia que trará a autonomia nacional já a partir de 2021, é resultado direto de uma atuação diferenciada possibilitada pela capacidade produtiva e tecnológica existentes", destacou o vice-presidente.

O contrato está limitado inicialmente a 100,4 milhões de doses, totalmente destinadas a entregas ao Ministério da Saúde e ao SUS. Ao fim do acordo, a Fiocruz terá a capacidade de produzir mais 110 milhões ao longo do segundo semestre de 2021.

Coronavac (Sinovac Biotech)
Em outubro, o Ministério da Saúde formalizou um ofício em que mostrava intenção de comprar a vacina Coronavac, produzida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, em São Paulo.

O caso ganhou repercussão depois de o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) mandar o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, cancelar o ofício. Ainda que tenha perdido a validade, o texto apresentava um dado importante: a estimativa de custo de cada dose da vacina.

"Nesta oportunidade, informo a intenção deste Ministério da Saúde em adquirir 46 milhões de doses da referida vacina (Vacina Butantan - Sinovac/Covid-19), em desenvolvimento pelo Instituto Butantan, ao preço estimado de US$ 10,30 (R$ 55, em valores atuais) por dose, seguindo as especificações da vacina e o respectivo cronograma de entrega", dizia o ofício assinado por Pazuello.

Além disso, no fim de setembro o governo de São Paulo assinou um contrato com a Sinovac para garantir 46 milhões de doses da Coronavac. Na ocasião, o governo paulista afirmou que o custo do contrato, que também formalizou a transferência de tecnologia para produção da vacina pelo Butantan, foi de US$ 90 milhões.

Essa valor inclui 6 milhões de doses da vacina já prontas, além da matéria prima para que as outras 40 milhões de doses sejam formuladas e envasadas em São Paulo. Como não foi feita uma distinção entre o custo das doses prontas e da matéria prima – e também de quanto o Butantan gastará na formulação e envase das doses nacionais – não é possível estimar o custo de cada dose da vacina.

 

 *Da redação do Blog do Farias Júnior com dados da CNN. Para ler a matéria original, clique aqui