quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

Número de transplantes de medula óssea registra queda de 26% na rede pública do Ceará

Foto: Nah Jereissati

A rede pública de saúde do Ceará apresentou queda de 26% na quantidade de transplantes de medula óssea realizados entre janeiro e novembro deste ano no comparativo com igual período de 2019, conforme dados do Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC). Em 2020, foram 51 cirurgias no hospital, que é a única unidade pública a operar este tipo de procedimento no estado. No ano anterior, foram registrados 69 procedimentos.


Mesmo com as adaptações para atender pacientes com a Covid-19, a unidade hospitalar manteve as cirurgias de transplante de medula óssea de forma reduzida. Em 2019, a média mensal variava de 4 a 7, com exceção de julho, quando 10 procedimentos foram realizados. Neste ano, a média ficou entre 4 até 6 operações por mês.


Durante o pico da pandemia, entre os meses de abril e maio, o HUWC registrou queda percentual de, respectivamente, 42% e 60%, saindo de 7 para 4 cirurgias no primeiro mês, enquanto no segundo, foi de 5 para 2. Já em junho, a redução foi de 40%, diminuindo de 5 transplantes para 3. Enquanto a queda de julho foi de 10 para 5 procedimentos.


“Isso mostra que, mesmo num cenário extremamente difícil e cheio de necessidade de readequações infraestruturais e de processos de trabalho, nossa equipe do Serviço de Transplante de Medula Óssea praticamente manteve a média de procedimentos”, aponta a assessoria do hospital.


Espera

A redução nas cirurgias impacta diretamente a fila de espera, como explica o professor da Faculdade de Medicina (Famed) da Universidade Federal do Ceará (UFC) e chefe do setor de Hematologia e Transplante de Medula Óssea do HUWC, Fernando Barroso. “Essa fila aumentou em função da pandemia. Nós perdemos dois leitos. Tínhamos oito e passamos para seis. Essa fila tem em torno de 80 pessoas e está andando de maneira mais lenta”, explica.


Medula óssea

Considerando os dados da rede pública e privada, o Ceará teve 217 transplantes de medula óssea realizados em 2019, conforme dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO). Do total, 76 foram realizados no HUWC, enquanto os outros 138 se dividiram em 5 hospitais da rede privada do estado. Neste ano, entre janeiro e setembro, a ABTO contabilizou 56 transplantes, sendo 40 realizados no HUWC.


Dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca) mostram que no Ceará 57 pacientes deram entrada no cadastro para a realização do transplante de medula óssea, de janeiro a novembro de 2020.

Os impactos dos procedimentos adiados ainda não podem ser mensurados, pondera Barroso. “Em média, um transplante acontece em 90 dias. Hoje nós temos pessoas prontas, preparadas, mas não temos leitos. Com essa redução, é lógico que compromete”, declara.


Doadores

O Centro de Hematologia e Hemoterapia do Ceará (Hemoce) é responsável pelo cadastro de doadores de medula óssea. Entre janeiro e novembro deste ano, o número de pessoas cadastradas pelo hemocentro cearense para este fim foi de 8.782, e em todo o ano de 2019 o número foi de 13.812. Atualmente o Hemoce conta com mais de 208.619 pessoas cadastradas.


“Sobre novos cadastros de medula óssea, comparativamente a 2019, de janeiro a novembro, nós tínhamos tido em torno de 12 mil cadastros. Esse ano nós tínhamos tido 9 mil. Isso é uma diminuição de 3 mil cadastros por conta da pandemia. Melhorou um pouco quando a pandemia acalmou. Campanhas que ajudaram bastante e voltou a normalizar a partir de outubro".


*Da redação do Blog do Farias Júnior com dados do G1 CE. Para acessar a matéria original clique aqui.