segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

Santana do Cariri - Museu de Paleontologia recebe fóssil raro de espécie de dinossauro

 Foto: Divulgação

A mais antiga espécie de dinossauro já encontrada na Bacia do Araripe, na região do Cariri, foi depositada no Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens, em Santana do Cariri, no último domingo (6). Este é primeiro dinossauro que tem os seus restos depositados no local.


O material, apresentado oficialmente no último mês de julho, estava no Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro desde 2017, onde foi descrito. Sua descoberta e estudo foram publicados na revista do Grupo Nature – Scientific Reports.


O holótipo (espécime única) do Aratasaurus museunacionali, viveu, segundo estimativa dos especialistas, entre 115 milhões e 110 milhões de anos (período Cretáceo). O fóssil foi encontrado em 2008, na Formação Romualdo, em Santana do Cariri, e nos últimos 12 anos foi estudado por pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), do Museu Nacional/UFRJ e da Universidade Regional do Cariri (Urca), na qual o Museu de Paleontologia é ligado.


O paleontólogo Álamo Feitosa, que integra a equipe responsável pela descoberta da espécie, considera que a devolução desse holótipo ao Museu de Paleontologia foi um ato extremamente importante e que pode fortalecer ainda mais os estudos na região.


“Qualquer pesquisador que vai estudar esse grupo de dinossauros Coelurosauria tem que vir até o Museu Plácido Cidade Nuvens, comparar, fotografar e medir os restos com o material que ele está estudando”, afirma.


O pesquisador acrescenta ainda que a chegada desse fóssil também beneficia o turismo científico na cidade, já que irá aumentar o fluxo de pesquisadores. “Essa condição possibilita um respeito das entidades que reconhecem o museu como sendo um centro de pesquisa nacional e internacional, com capacidade de albergar fósseis importantes”, avalia.


Características

Especialista em Archosauria, a pesquisadora Juliana Sayão, da UFPE, que também participou da descoberta, destaca que esse grupo de animais era carnívoro, teria como representantes atuais as aves e que poderia estar mais disperso do que imaginamos. As análises microscópicas identificaram algumas características da espécie.


“Pela análise dos seus ossos, a gente viu que se tratava de um animal jovem. Há marcas que mostram uma pausa de desenvolvimento”, explica. Já a partir da dimensão da pata, valendo-se das espécies evolutivamente próximas, foi possível chegar à conclusão que o dinossauro tinha um porte médio, chegando a medir 3,12 metros.


A anatomia do fóssil encontrado, principalmente a parte dos dedos do pé, indica que se trata de uma linhagem de dinossauro com origem mais antiga do que a que deu origem aos tiranossaurídeos. Isso também é novidade, pois embora os Coelurosauria tenham algumas formas icônicas, como o Tyrannosaurus rex, pouco se sabe a respeito da origem desse grupo de famosos dinossauros.


Também não se sabe muito sobre onde essas linhagens mais antigas estavam no planeta. “O Aratasaurus aponta que parte dessa rica história pode estar no Nordeste do Brasil e na América do Sul. Sendo assim, ainda há muitas lacunas para desvendar esse quebra-cabeças evolutivo, mas com essa descoberta colocamos mais uma peça para entendê-lo”, ressalta Juliana.



O Aratasaurus é uma linhagem irmã do Zuolong, um celurossauro do Jurássico da China, “isso que sugere que os celurossauros mais antigos estariam mais amplamente distribuídos pelo planeta e ao longo de um tempo maior”, relata o paleontólogo chinês Xin Cheng.


Homenagem

O nome que batiza a espécie é uma homenagem ao Museu Nacional, no Rio de Janeiro. A espécie, que chegou ao local em 2017, por pouco não foi destruída pelo incêndio que atingiu parte do equipamento.


*Da redação do Blog do Farias Júnior com dados do G1 CE. Para acessar a matéria original clique aqui.