sábado, 20 de fevereiro de 2021

A Muganga Promoção Cultural conta a história de “PADRE PEDRO INÁCIO RIBEIRO E A FILHA DE MORENO E DURVINHA”

Foto: Reprodução Grupo A Muganga Cultural

O grupo A Munganga Promoção Cultural em mais uma produção divulgou o texto intitulado “PADRE PEDRO INÁCIO RIBEIRO E A FILHA DE MORENO E DURVINHA”. O texto conta a história de um brejosantense que entrou para o cangaço, e o nascimento de sua filha em meio a uma fuga. Confira:

 

PADRE PEDRO INÁCIO RIBEIRO E A FILHA DE MORENO E DURVINHA


Quando Moreno entra para o cangaço, por volta de 1935, Lampião ao saber que o novato vinha da região de Brejo dos Santos, o encarregou a pagar uma promessa antiga, mas nunca esquecida: ofereceu-lhe 50 contos de réis para trazer-lhe as orelhas de Antônio da Piçarra, por havê-lo traído no episódio do Fogo da Piçarra, acontecido em 28 de março de 1928 e cujo seu braço direito, Sabino Gomes, fora morto pelas volantes pernambucanas. Para termos uma noção da tamanha quantia ofertada por Lampião a Moreno, Antônio da Piçarra comprou por 10 contos de réis a dita fazenda que foi atrelada ao seu nome.


Em depoimento a Luitigarde Barros, Antônio da Piçarra fez a seguinte afirmação: “Lampião mandou um grupo de cinco cangaceiros me matar. O chefe era filho daqui de Brejo Santo e se chamava Antônio Francisco. Cometeu um crime aqui, correu e entrou no bando de Lampião na Bahia. Aí se chamava Moreno. Lampião disse que dava cinquenta conto para me matar. Moreno veio da Bahia cortando caminho pra não passar nas cidades, e nem nas fazendas. Quando ele chegou no Ceará me avisaram e eu fui na caça dele. Depois que Lampião se acabou, ele mudou de vida e abriu no mundo.


Segundo Hilário Lucetti, certo dia Antônio da Piçarra, juntamente com a volante do cabo Antônio Gibão, foram avisados que Moreno e seu bando estavam na casa da Fazenda Brejinho, nas cercanias de Brejo dos Santos, onde morava o pai do facínora, a espera que Durvinha, sua companheira, desse a luz.


Cercado pela volante, Moreno conseguiu fugir pelos fundos da moradia, levando Durvinha juntamente com a criança recém nascida e como o parto tinha acontecido justamente no momento do ataque, a mulher ia deixando por onde passava pingos de sangue misturados com pedaços de placenta.


Dessa fuga atropelada, Moreno foi esconder-se na Serra do Poço. Cinco dias depois, o vigário de Brejo dos Santos, padre Pedro Inácio Ribeiro, recebia uma menina recém-nascida, acompanhada de um bilhete com os seguintes dizeres:


“Padi Pêdo Ináço, esta menina qui tô li mandando é minha fia, cri ela cum muito cuidado. Sem mais Antônio Moreno."


O padre Pedro fez todo o possível para ver se conseguia criar a referida criança, mas não foi possível. A mesma já vinha muito debilitada e faleceu dias depois.


Por Bruno Yacub Sampaio Cabral


Para acessar o texto original clique aqui.


*Da redação do Blog do Farias Júnior.