domingo, 14 de março de 2021

Ceará - Por falta de leito, paciente morre na porta de hospital




*Por Farias Júnior

A primeira morte confirmada por COVID-19 no Brasil, ocorreu no dia 12 de março de 2020, a vítima, um homem de 61 anos, havia retornado de uma viagem à Itália. Durante algumas lives nas redes sociais do nosso blog e também em edições do Grande Jornal da Integração Regional, bem antes do carnaval,  alertei para os riscos que as pessoas estariam expostas ao participarem das festas de momo (de 22 a 25 de fevereiro). 

Na mesma época, durante algumas dessas transmissões, pessoas zombavam da gravidade da doença e questionavam o porquê de ainda não termos casos da doença registrados nas nossas cidades do Cariri. Justificava dizendo que ainda era cedo para o surgimento desses casos, pois estávamos no princípio da pandemia, mas que, se não seguíssemos as orientações das autoridade de saúde poderíamos pagar um preço muito caro com cenários de: hospitais lotados, falta de oxigênio, profissionais de saúde sobrecarregados e que com o agravamento desse quadro, poderíamos ver pessoas morrendo nas portas dos hospitais.   

Longe de mim ser um superprevisor, de acordo com a definição de Philip E. Tetloc e Dan Gardner no livro A Arte e a Ciência de Antecipar o Futuro, (presente que recebi do médico Guilherme Saraiva). Mas, conhecendo um pouco do passado e observando com atenção os rumos que as coisas tomam, é possível sim, antecipar alguns fatos. Confesso que me incomoda O que mais me incomoda é justamente acertar, quando eu gostaria muito de errar nessas antecipações.

Infelizmente já começou a acontecer aqui no Ceará, o que mais temíamos e eu havia alertado com mais de um ano de antecedência. 

Em Sobral, uma idosa esperou por leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) durante cerca de 2h30min na frente do Hospital Regional Norte (HRN). Ela estava dentro de uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e faleceu no local, na porta do hospital.

Sem nenhum leito de UTI disponível, o sistema de saúde da Zona Norte está esgotado. Municípios não conseguem transferir pacientes. Os leitos de UTI estão com ocupação de 100%. Conforme o IntegraSUS, da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), todos os 126 leitos ativos para Covid-19 estão ocupados. 

Na semana passada, uma paciente deu entrada no Hospital de Santa Quitéria, foi entubada e encaminhada em vaga zero para o HRN. "Quando chegou lá, não tinha leito, não tinha ponto de oxigênio", afirma Adeilton Mendonça, secretário da Saúde de Santa Quitéria. Ele diz que o sistema está "abarrotado". "Às vezes, conseguimos em vaga zero pelo Samu. Geralmente, a gente encaminha para Sobral mesmo. A gente só consegue o leito quando há morte", diz.

Na última quarta-feira, 10, uma moradora de Reriutaba morreu no Hospital Municipal Rita do Vale Rego enquanto esperava uma vaga de leito de UTI. 

Conforme Regina Carvalho, secretária da Saúde de Sobral, a macrorregião Norte registrava, até o início da tarde de ontem, 12, 60 pacientes aguardando leitos de enfermaria e 25 aguardando leitos de UTI para transferência para Sobral. 

Fortaleza tem dez hospitais com UTIs lotadas e pode esgotar leitos "a qualquer momento"

No Cariri, a situação também é de extrema preocupação com a maioria dos hospitais lotados e pacientes aguardando vagas que muitas vezes só surgem após óbitos confirmados. 

Para muitos, não houve auxílio e nem tempo suficiente para conseguir continuar respirando, vivendo. Para mim e para você que está lendo esse texto, ainda há esperança. Vamos aproveitar essa oportunidade que estamos tendo e fazer valer a pena. Por nós e por todos os outros, vamos continuar seguindo as orientações das autoridades de saúde e também continuar ajudando a conscientizar quem ainda insiste em remar contra a maré.

Da redação do Blog do Farias Júnior com dados do O POVO.