domingo, 16 de maio de 2021

A lição de Bruno Covas


*Por Farias Júnior

O que você faria se soubesse que tem pouco tempo de vida? Quais seriam suas prioridades? 

Ciente da finitude (cada vez mais próxima) da vida, depois de 24 sessões de radioterapia e sendo recomendado descansar por 10 dias, Bruno Covas decidiu tirar apenas 03 dias de licença não remunerada para aproveitar e realizar um sonho do seu filho de 15 anos: assistir a final da libertadores no Maracanã. 

Palmeiras e Santos convidaram dezenas de torcedores para assistirem ao vivo e testemunhar a vultosa conquista. Bruno e o filho Tomás, seguindo todos os protocolos definidos pelas autoridades de saúde, foram ao jogo e provavelmente viveram naquele sábado, 30 de janeiro, um dos momentos mais felizes nos seus poucos últimos meses de vida. Átimo imensurável, mágico, a ser lembrado por toda a vida do filho, digno de ser contado aos netos. Algo que provavelmente só quem já perdeu o pai, consegue imaginar.

"Quando decidi ir ao jogo já tinha ciência que sofreria críticas. Mas se esse é o preço a pagar pra passar algumas horas inesquecíveis com meu filho, pago com a consciência tranquila", assim dizia uma publicação de Bruno, ao tentar sem necessidade, se justificar diante de tantas acusações e ataques sofridos nas redes sociais, promovidos por aqueles que desprovidos de qualquer empatia e com o claro propósito de apenas ofender-lhe e se regozijar com o seu infortúnio, desferiram-lhe e à sua honra, golpes excruziantes, covardes. 

Quando disse da necessidade de não justificar-se, o fiz com a acertiva de que seus algozes, virtuais ou não, se caracterizam por sempre priorizarem a malevolidade e não a empatia. 

Mais do que a falta de empatia, os que o criticaram, mesmo sabendo do seu visível fragilizado estado de saúde, externaram toda a sua iniquidade perversa. Infelizmente para estes, nada é mais importante do que se sentir parte dessa fauna composta por manadas, tropas, ou mesmo uma malta. São integrantes de uma legião que se rebuça com o pavilhão nacional e fala em nome de Deus, mas pratica o contrário. Pois na definição de Santo Agostinho, "todo o mal não é mais do que a ausência do bem, do divino". 

Se nossas prioridades nos definem, é fácil definir quem foi Bruno Covas e como ele será lembrado por quem de fato merecia o seu respeito, o seu tempo, seu pouco e valioso tempo de vida.  Fácil também definir seu detratores.

Domingo, 16 de maio de 2021.