sexta-feira, 16 de julho de 2021

Ceará é o segundo estado do Brasil com maior taxa de homicídios femininos

 (Foto: Reprodução)

A divulgação dos números do 15º Anuário Brasileiro de Segurança Pública mostrou que o Ceará é o segundo estado brasileiro com a maior taxa de homicídios de meninas e mulheres. De acordo com o levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a taxa é de 7 mortes a cada 100 mil mulheres no Estado, em 2020, quando 329 mulheres foram mortas.


A média nacional é de 3,6 mulheres mortas a cada 100 mil mulheres. O estado com o maior índice é Mato Grosso do Sul, com uma média de 7,8 casos a cada 100 mil mulheres.


Samira Bueno, diretora executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, destaca outro ponto em relação aos dados levantados sobre o Ceará. Dentre os casos que resultaram em mortes de mulheres no Estado, apenas 1,7 a cada 100 mil mulheres foi enquadrado como feminicídio. Apenas 8% das mortes de mulheres foram qualificadas como feminicídio no Estado, aponta a pesquisadora. Para ela, a taxa de feminicídio do Ceará pode ser ainda muito maior do que os registros oficiais apontam.


No Ceará, o número de homicídios de vítimas do sexo feminino foi de 329 mulheres em 2020. Em um comparativo com o ano de 2019, o último ano apresentou um aumento de 104 homicídios. Já em relação aos feminicídios, os números apresentaram queda, indo de 34 para 27 casos.


"O grande problema do Ceará é não ter classificado os feminicídios de forma adequada. A gente não sabe exatamente, desses 329 assassinatos de mulheres, quantos foram em decorrências de feminicídio", relata Bueno.


No Brasil, conforme dados do Fórum, 55% dos casos de feminicídio são cometidos por armas brancas como facas, paus e pedras. Em 2020, 1.350 mulheres foram vítimas de feminicídio no Brasil. Bueno destaca que os casos são ainda maiores do que os registros oficiais.


"14,7% de todos os registros de homicídios femininos não foram classificados como feminicídios, mas tinham como autor o parceiro ou o ex-parceiro íntimo da vítima. Estamos falando de 377 casos que constam na nossa base de dados, que são feminicídios e que não foram classificados de forma adequada".


A legislação do feminicídio vigora desde 2015 e representa uma qualificadora do homicídio doloso (quando há intenção de matar), englobando crimes em que a vítima foi morta pela sua condição de mulher ou em decorrência de violência doméstica.


Por meio de nota, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) destacou que o número de feminicídios no Estado caiu 20,6% de 2019 para 2020. A pasta também informou que a qualificação da morte de uma mulher como feminicídio é feita pela Polícia Civil já em um primeiro momento, caso haja indícios de violência de gênero. Se a identificação é feita no decorrer do inquérito policial, porém, o dado é atualizado nas estatísticas.


A SSPDS também destacou uma redução de 17% no registro de casos de violência doméstica, saindo de 22.760 em 2019 para 18.903 em 2020. A secretaria listou ações desenvolvidas no Estado para combater a violência contra a mulher, como as Casas da Mulher Brasileira, que possuem serviços especializados da Rede de Atendimento à Mulher. O Governo do Estado anunciou a implantação de novas casas em Juazeiro do Norte, Sobral e Quixadá. Também foi citado que o Estado possui dez delegacias de defesa da mulher.


Por causa da pandemia, afirmou a SSPDS, aumentou o número de crimes que podem ser denunciados pela internet na Delegacia Eletrônica (Deletron), incluindo aqueles ocorridos no âmbito da violência doméstica e familiar. E que, por fim, mulheres também podem contar com o trabalho do Grupo de Apoio às Vítimas de Violência (GAVV) da Polícia Militar, que desenvolve ações de acompanhamento de mulheres vítimas de violência doméstica em Fortaleza, Juazeiro do Norte, Sobral e Itapipoca.


Ranking das taxas de homicídios femininos por UF, em 2020 (a cada 100 mil mulheres);


1ª - Mato Grosso do Sul: 7,8


2ª — Ceará: 7,0 


3ª - Acre: 6,9


4ª - Rondônia: 6,4


5ª - Espírito Santo: 6,2


Ranking das taxas de feminicídio por UF, em 2020 (a cada 100 mil mulheres):


1ª - Mato Grosso: 3,6


2ª - Mato Grosso do Sul: 3


3ª - Acre: 2,7


4ª - Amapá: 2,1


5ª - Alagoas e Roraima: 2


Violência contra a mulher - o que é e como denunciar?

A violência doméstica e familiar constitui uma das formas de violação dos direitos humanos em todo o mundo. No Brasil, a Lei 11.340, conhecida como Lei Maria da Penha, caracteriza e enquadra na lei cinco tipos de violência contra a mulher: física, psicológica, moral, sexual e patrimonial.


Entenda as violências:


Violência física: espancamento, tortura, lesões com objetos cortantes ou perfurantes ou atirar objetos, sacudir ou apertar os braços


Psicológica: ameaças, humilhação, isolamento (proibição de estudar ou falar com amigos)


Sexual: obrigar a mulher a fazer atos sexuais, forçar matrimônio, gravidez ou prostituição, estupro.


Patrimonial: deixar de pagar pensão alimentícia, controlar o dinheiro, estelionato


Moral: críticas mentirosas, expor a vida íntima, rebaixar a mulher por meio de xingamentos sobre sua índole, desvalorizar a vítima pelo seu modo de se vestir


A Lei 13.104/15 enquadrou a Lei do Feminícidio - o assassinato de mulheres apenas pelo fato dela ser uma mulher. O feminicídio é, por muitas vezes, o triste final de um ciclo de violência sofrido por uma mulher - por isso, as violências devem ser denunciadas logo quando ocorrem. A lei considera que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve violência doméstica e familiar ou menosprezo ou discriminação à condição de mulher.


Veja como buscar ajuda:

Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180


Delegacia de Defesa da Mulher de Fortaleza (DDM-FOR)

Rua Teles de Souza, s/n - Couto Fernandes

Contatos: (85) 3108- 2950 / 3108-2952


Delegacia de Defesa da Mulher de Caucaia (DDM-C)

Rua Porcina Leite, 113 - Parque Soledade

Contato: (85) 3101-7926


Delegacia de Defesa da Mulher de Maracanaú (DDM-M)

Rua Padre José Holanda do Vale, 1961 (Altos) - Piratininga

Contato: 3371-7835


Delegacia de Defesa da Mulher de Pacatuba (DDM-PAC)

Rua Marginal Nordeste, 836 - Jereissati III

Contatos: 3384-5820 / 3384-4203


Delegacia de Defesa da Mulher do Crato (DDM-CR)

Rua Coronel Secundo, 216 - Pimenta

Contato: (88) 3102-1250


Delegacia de Defesa da Mulher de Icó (DDM-ICÓ)

Rua Padre José Alves de Macêdo, 963 - Loteamento José Barreto

Contato: (88) 3561-5551


Delegacia de Defesa da Mulher de Iguatu (DDM-I)

Rua Monsenhor Coelho, s/n - Centro

Contato: (88) 3581-9454


Delegacia de Defesa da Mulher de Juazeiro do Norte (DDM-JN)

Rua Joaquim Mansinho, s/n - Santa Teresa

Contato: (88) 3102-1102


Delegacia de Defesa da Mulher de Sobral (DDM-S)

Av. Lúcia Sabóia, 358 - Centro

Contato: (88) 3677-4282


Delegacia de Defesa da Mulher de Quixadá (DDM-Q)

Rua Jesus Maria José, 2255 - Jardim dos Monólitos

Contato: (88) 3412-8082


Casa da Mulher Brasileira

A Casa da Mulher Brasileira é referência no Ceará no apoio e assistência social, psicológica, jurídica e econômica às mulheres em situação de violência. Gerida pelo Estado, o equipamento acolhe e oferece novas perspectivas a mulheres em situação de violência por meio de suporte humanizado, com foco na capacitação profissional e no empoderamento feminino.


Telefones para informações e denúncias:


Recepção: (85) 3108.2992 / 3108.2931 – Plantão 24h

Delegacia de Defesa da Mulher: (85) 3108.2950 – Plantão 24h, sete dias por semana

Centro Estadual de Referência e Apoio à Mulher: (85) 3108.2966 - segunda a quinta, 8h às 17h

Defensoria Pública: (85) 3108.2986 / segunda a sexta, 8h às 17h

Ministério Público: (85) 3108. 2940 / 3108.2941, segunda a sexta , 8h às 16h

Juizado: (85) 3108.2971 – segunda a sexta, 8h às 17h



*Da redação do BFJR, com O POVO.