quarta-feira, 21 de julho de 2021

Policial que cobrava meio milhão para liberar traficantes no Ceará é preso na quarta fase da Operação Gênesis

Um policial militar foi preso nesta terça-feira (20) na quarta fase da Operação Gênesis, que investiga uma organização criminosa formada por policiais e traficantes. De acordo com o Ministério Público do Ceará (MPCE), o PM preso cobrava R$ 500 mil para liberar traficantes e não levá-los para a prisão.


A operação tinha como meta cumprir 12 mandados de busca e apreensão. Onze deles foram cumpridos em Fortaleza e Região Metropolitana.


Ainda de acordo com as investigações, o policial militar preso nesta terça-feira é apontado como chefe do grupo criminoso. Ele, com ajuda de outros policiais envolvidos na prática criminosa, buscava traficantes com muito dinheiro, fazia abordagem e pedia uma alta quantia para não levar o criminoso preso. O grupo atuava na Grande Messejana e usava o aparato da polícia para identificar e monitorar as vítimas.


Segundo o promotor de Justiça Adriano Saraiva, além dos policiais envolvidos nos crimes, eles tinham informantes que avisavam sobre o paradeiro de traficantes para os policiais chegar e realizar a abordagem.


"Eles escolhiam as vítimas por esses informantes, geralmente com um certo poder aquisitivo, e com passagem pela polícia, que era justamente para facilitar a abordagem. Escolhida essa vítima, esse nome era passado para o líder da organização criminosa que com todo o aparato da polícia, começava a monitorar os passos dessa vítima. E no momento adequado, ele se reunia com os outros policiais, com esses informantes, e realizavam abordagem", explica Saraiva.


O promotor também contou que a vítima era extorquida, que os PMs cobravam vantagem e quando a vantagem era paga, os traficantes eram liberados, ao invés de serem presos.


"Nós recolhemos, com as apreensões, vários celulares, notebooks que vão ser periciados e provavelmente vamos encontrar mais informações e mais gente envolvida. Os crimes foram crimes de extorsão, de tortura e de comércio ilegal de arma de fogo", disse.


Fases da operação Gênesis

Na primeira fase da Operação Gênesis, em setembro de 2020, foram cumpridos 17 mandados de prisão e de busca e apreensão em Fortaleza e em Maracanaú. Do total de alvos, 9 eram policiais militares da ativa, três eram policiais civis da ativa e cinco eram civis (sendo quatro homens suspeitos de atuarem como traficantes e um policial civil aposentado, apontado como o líder da organização criminosa).


Na segunda fase da Operação, deflagrada em outubro de 2020, foram cumpridos 16 mandados de prisão e 16 mandados de busca e apreensão em Fortaleza e em Caucaia. Entre os alvos estavam três policiais militares e três policiais civis da ativa, nove suspeitos de tráfico de drogas e um ex-policial militar.


Na terceira fase, ocorrida em maio de 2021, foram cumpridos 26 mandados de prisão preventiva e de busca e apreensão, sendo 21 contra integrantes de organizações criminosas (oito já estavam presos) e cinco contra policiais militares do Ceará em Fortaleza e Caucaia, na Região Metropolitana.



*Da redação do BFJR, com G1.