quinta-feira, 26 de agosto de 2021

Mil fósseis que saíram ilegalmente do Cariri para Itália e França serão repatriados

(foto: Fabio Lima)

O Cariri deve receber de volta cerca de mil fósseis que saíram ilegalmente da Bacia do Araripe, sul do Ceará, e foram encontrados na França e na Itália. Pedidos de repatriação foram feitos pelo Ministério Público Federal (MPF) e devoluções não têm data para ocorrer. Informações foram dadas pelo Procurador da República Federal de Juazeiro do Norte, Celso Leal, à Rádio CBN Cariri, nesta quarta-feira, 25.


De acordo com o procurador, só na França foram identificados algo em torno de 998 fósseis traficados do Cariri e comercializados ao país europeu. Em abril deste ano, o MPF obteve autorização definitiva da Justiça francesa para repatriar os fósseis brasileiros. São 345 pedras de animais fossilizados e 648 pequenos quadrados de animais e plantas em formato de fóssil que devem retornar a região carirense.


Já na Itália, um fóssil que teria sido extraído da Bacia do Araripe, em 1983, estava sendo mantido em um museu, situado na cidade de Veneza. A descoberta ocorreu em 2016 e desde então o MPF tenta repatriar a peça. Segundo Leal, um pesquisador francês teria sido o responsável pela extração ilegal do material, que foi retirado do acidente geográfico durante uma expedição.


Para comprovar que o fóssil era do Araripe, o órgão federal brasileiro precisou conversar com os participantes da expedição e reconstituir a cena, contando ainda com a ajuda da Universidade Regional do Cariri. No início deste ano o MPF fez então um novo pedido de repatriação as autoridades italianas, mostrando como comprovação as provas levantadas, e agora espera por resposta.


"Apesar da questão criminal estar prescrita, a gente acredita que agora, com essas informações, o governo italiano vai ter os subsídios necessários para autorizar essa devolução", destacou o procurador, frisando ainda que é "muito difícil" dar uma previsão exata de quando isso irá acontecer. 


Além dessas peças, há ainda uma que foi encontrada nos Estados Unidos, também extraída do Cariri e que já se encontra em processo de devolução. O procurador também citou que foram encontrados fósseis traficados da região carirense na Alemanha, mas não detalhou o andamento do processo.


"Não tem como estimar prazo nem garantias, sobretudo quando a gente trabalha com governos europeus. Eles têm uma certa relutância em devolver peças por uma questão de contexto histórico. Eles possuem muitas peças né, de países estrangeiros. Você imagina se o Louvre for devolver todas as peças egípcias", pontou ainda Leal.

 


*Da redação do BFJR, com O Povo.