quinta-feira, 5 de agosto de 2021

Padre Cícero José escreve carta em comemoração aos nove anos da sua ordenação sacerdotal

Carta ao povo de Deus


Na memória litúrgica de São João Maria Vianey, ocasião em que comemoramos com a Igreja o Dia do Padre e celebrando os nove anos de minha ordenação sacerdotal, seis deles como reitor da Casa da Mãe das Dores, gostaria de compartilhar com vocês algumas inquietações a partir de um versículo do Evangelho.


No caminho para o calvário, Jesus aguentou o peso da cruz, as dificuldades do caminho e o calor do dia, tudo isso acompanhado de insultos e golpes de chibatadas, sem dizer uma palavra. Já pregado na cruz e sem forças, manifestou seu último desejo antes da morte: “Tenho sede” (Jo, 19, 28). Os soldados entenderam que era uma sede física e deram vinagre a Jesus. Mas aquela sede era subjetiva, ou seja, era um desejo de conversão: “Pai, perdoa-lhes, pois eles não sabem o que fazem” (Lc 23, 34).


Durante este deserto da pandemia, Jesus volta a apelar: “Tenho sede” (Jo, 19, 28). E revive com isso os tormentos da Sua agonia. Nós somos aqueles soldados que ouvimos Jesus dizer que tem sede, mas oferecemos o vinagre do nosso egoísmo e da nossa irresponsabilidade diante do drama que vive a humanidade.


Como poderemos, então, providenciar a “água viva” para saciar a sede de Jesus?

O caminho é simples, mas complexo e muito desafiador: quando pararmos de nos servir de Deus – para alcançar esse ou aquele objetivo – e passarmos a servir a Deus nos irmãos necessitados. Quando aprendermos a amar a Igreja como Cristo a amou e sendo perseverantes na fé, mesmo que a dor de ter perdido entes tão queridos para o coronavírus – ou para outra enfermidade – seja a nossa companheira constante.


Se formos capazes disso, ouviremos de Jesus: “Tive sede e me destes de beber” (Mt 25, 34-35).


Celebrando, então, os nove anos em que fui configurado a Cristo Sacerdote, essa é a minha sede: que saciemos a sede de Jesus permanecendo “alegres na esperança, pacientes na tribulação, perseverantes na oração” (Rm 12, 12) e firmes no compromisso comum de superar a pandemia com atitudes responsáveis.


Que Deus nos abençoe e a Mãe das Dores nos guarde nesse caminho diário de conversão.


Amém.



Pe. Cícero José da Silva


Pároco/Reitor da Basílica Santuário Nossa Senhora das Dores


*Da redação do BFJR, com site Mãe das Dores Juazeiro.