terça-feira, 21 de setembro de 2021

Bolsonaro defende tratamento precoce contra Covid-19, diz ser contra passaporte sanitário e nega corrupção em seu governo em reunião da ONU

 

O presidente Jair Bolsonaro defendeu nesta terça-feira (21), em discurso na 76ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, a adoção do chamado tratamento precoce contra a Covid-19, cuja ineficácia já foi cientificamente comprovada.


Bolsonaro, que foi o primeiro a discursar, disse não entender porque "muitos países, juntamente com a grande mídia" se opõem ao tratamento precoce contra a doença.


No discurso, ele também se posicionou contra o chamado passaporte sanitário, que confere benefícios às pessoas que tenham se vacinado contra a Covid-19. E afirmou que não há corrupção em seu governo (leia mais abaixo).


"Desde o início da pandemia, apoiamos a autonomia do médico na busca do tratamento precoce, seguindo recomendação do nosso Conselho Federal de Medicina. Eu mesmo fui um desses que fez tratamento inicial. Respeitamos a relação médico-paciente na decisão da medicação a ser utilizada e no seu uso 'off-label' [fora do que prevê a bula]. Não entendemos porque muitos países, juntamente com grande parte da mídia, se colocaram contra o tratamento inicial. A história e a ciência saberão responsabilizar a todos", disse Bolsonaro.


O tratamento precoce, por meio do uso de medicamentos como cloroquina e ivermectina, vem sendo defendido pelo presidente desde o ano passado. No entanto, estudos científicos já comprovaram a ineficácia desses remédios contra a Covid. Além disso:


a Organização Mundial de Saúde (OMS) diz que a cloroquina não deve ser usada como forma de prevenção;

a Associação Médica Brasileira (AMB) diz que o uso de cloroquina e outros remédios sem eficácia contra Covid deve ser banido;

a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) diz que a cloroquina não tem efeito e deve ser abandonada.


Vacinação

Bolsonaro também disse defender a vacinação contra a Covid-19 e afirmou que, até novembro, todos os brasileiros que quiserem poderão se imunizar.


Entretanto, ele se posicionou contra restrições adotadas por países contra pessoas que se recusam a tomar a vacina.


"Até novembro, todos que escolheram ser vacinados no Brasil, serão atendidos. Apoiamos a vacinação, contudo o nosso governo tem se posicionado contrário ao passaporte sanitário ou a qualquer obrigação relacionada a vacina", disse Bolsonaro.


Essa é a terceira vez que Bolsonaro discursa como presidente do Brasil - o representante do país é encarregado de abrir oficialmente a fala dos presidentes mundiais desde 1947.


A pandemia da Covid-19 deve dominar grande parte dos discursos. Em 2020, a Assembleia Geral foi totalmente remota por causa da pandemia. Neste ano, parte dos líderes discursará presencialmente e parte gravou a sua participação.


Na volta do evento (semi) presencial, Bolsonaro é o único dos líderes do G20 (grupo das 19 principais economias do mundo e a União Europeia) presentes a dizer que não tomou a vacina contra a Covid-19.


Jornais dos Estados Unidos e do Reino Unido noticiaram que o presidente brasileiro participa da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) sem ter tomado a vacina.


A sede da ONU onde é realizada a assembleia fica na cidade de Nova York, onde há exigência de um comprovante de vacinação para que as pessoas entrem em ambientes públicos que são fechados (como o saguão onde acontece a reunião).


A prefeitura de Nova York pediu para que os chefes de estado fossem obrigados a comprovar vacinação para entrar no prédio das Nações Unidas, mas o secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que a entidade não tem como exigir isso.


Na segunda (20), o ministro do Turismo, Gilson Machado Neto, publicou uma foto em uma rede social em que Bolsonaro e parte da comitiva brasileira comem pizza na rua, em Nova York.


A cidade exige, desde 16 de agosto, que as pessoas apresentem comprovante de vacinação contra a Covid-19 para frequentar lugares fechados, como restaurantes, cinemas, teatros e academias.


*Da redação do BFJR com G1.