sexta-feira, 22 de outubro de 2021

COLUNA DA HISTORIADORA FÁTIMA ALVES - José Francisco da Silva (Zé Pecuária) – In memoriam

José Francisco da Silva (Zé Pecuária) – In memoriam


Hoje com muita satisfação e orgulho, trago na nossa história cotidiana uma personalidade que merece destaque na história da nossa cidade. Conhecido como José Francisco da Silva (in memoriam), Zé Pecuária fez a história no dia a dia acontecer nos anos em que viveu. Deixou um legado de muita alegria, de um homem honrado. Quem não recorda de Zé Pecuária e sua satisfação e seu sorriso em servir com seu táxi pronto para direcionar os passageiros que o procurassem? Fiquei emocionada com a história de vida de José Francisco da Silva, uma história que deixa registrada em suas filhas, seus netos, bisnetos, enfim de todos que o conheciam.

 José Francisco da Silva, nascido no Sítio Muquém Grande aos 18 dias do mês de agosto de 1929, brasileiro, natural da cidade de Brejo Santo- Ce. Filho de Antônio Francisco da Silva (agricultor) descendente de índio com caboclo e Josefa Maria da Conceição (doméstica) descendente de português com alemão, sendo ele o primogênito de uma família de seis irmãos: Dorgival, Francisca, João, Creuza, Maria Luiza e Sinval. José Francisco fica órfão ainda criança, primeiro morre sua mãe ficando aos cuidados de seu pai que não tendo condições para criar os filhos resolveu dá-los para os familiares, sendo que José Francisco fica aos cuidados de João Ambrósio. Pouco tempo depois morre seu pai biológico, sua infância ficou entre o Muquém Grande, o Deserto e o Sítio Poço no atual município de Brejo Santo onde se concentrava a maior parte de seus familiares. Sentindo o desejo de trabalhar colocava água da cacimbinha nas casas para se sustentar, teve como seu primeiro emprego a oportunidade em uma oficina mecânica, ainda muito jovem aprendeu o ofício de lidar com carros em 1943 nasce o interesse pela profissão de motorista, aos 14 anos já dirigia muito bem, ele foi caminhoneiro durante anos, porém, havendo condições de possuir seu carro próprio, passa a ser taxista, conquistando a confiança dos brejossantenses tornando-se motorista da confiança de todos. Nas suas viagens divertia os passageiros com seus contos fantásticos. 

Em 1951, aos 22 anos encanta a jovem Teresa Simão casando- se com ela, juntos passaram e venceram muitos desafios. Construíram uma família linda composta de onze filhos, são eles: Maria de Lourdes, Maria Setembrina, Maria Eunice, Francisco de Assis, Afonso Simão, Francisco Simão, Maria Simão, Maria Aparecida, Maria Adriana, Cícero Alexsandro e maria de Fátima (filha do coração). 

José Francisco conhecido como Zé Pecuária apelido herdado em tempos de crise no país, pois ele sempre usava a expressão: “oh! Situação precária!”. Foi um homem que estudou pouco, mas aprendeu as primeiras palavras ouvindo um professor dar aula quando vinha para casa no intervalo do almoço. Tornou-se em sua simplicidade um homem sábio e tinha conhecimento de outras culturas, o mesmo lia e assistia jornais ficando informado sobre os acontecimentos do Brasil e do mundo. Fatos marcantes de sua vida, foi a dedicação a educação de seus filhos, pra ele era de suma importância que seus filhos soubessem ler e escrever para ter uma profissão digna e crescer como pessoa. Sempre que voltava pra casa ao cair da tarde sentava seus filhos a mesa para ler a lição pra ele, assim como, dizer a tabuada que tinha que estar na ponta da língua.  

José também tinha um coração muito grande não podia ver ninguém sofrer que já o ajudava, em meados do ano 1970, quando a seca assolava a nossa cidade, José fazia milho e feijão para os fazendeiros, o restante dos cereais que ficava na máquina debulhadora ele doava para seus familiares e amigos que não tinham o que comer.

Em 30 de junho de 1974, José Francisco perde seu filho Francisco de Assis aos 16 anos, com essa fatalidade sofre uma grande desolação.

 também teve participação na fundação do Brejo Santo União clube, transportava para a construção barro e areia passando a ser um dos sócios fundadores. Deixando para todos nós um legado da sua honestidade, respeito e responsabilidade. 

Aos 29 dias de dezembro de 1986, veio a falecer de um infarto fulminante, aos 56 anos, na Rodoviária Napoleão Araújo lima onde trabalhava como taxista. Seu velório aconteceu na rua, Santa Terezinha onde foi cortejado por seus familiares e amigos.  Seu corpo foi sepultado no Cemitério são João Batista na cidade de Brejo Santo.

Agradeço aos familiares que me concederam esse espaço, e em nome de todos a Adriana Silva, sua filha que me enviou este relato de vida que nos remete coragem de um homem que venceu o próprio tempo e que merece ser referenciado em nosso município como pessoa que fez a História acontecer. A palavra é gratidão.