sexta-feira, 29 de outubro de 2021

COLUNA DA HISTORIADORA FÁTIMA ALVES - Teresa Simão (In memoriam – Teresinha Pecuária)

Dando continuidade a história cotidiana, reporto-me a nossa querida Teresa Simão (Dona Terezinha Pecuária), esposa do nosso homenageado semana anterior o inesquecível Zé Pecuária. Um casal que fizeram a história da nossa cidade que precisam de fato nosso carinho e nossa gratidão. Mais uma vez agradeço a Adriana em nome de suas filhas que nos enviou os textos. A Palavra é gratidão por tudo que eles construíram ao longo da história da cidade.

Teresa Simão (In memoriam – Teresinha Pecuária)

Teresa Simão nasceu aos 14 dias do mês de março de 1938, brasileira, natural de Santana do Cariri. Filha de José Simão (marchante) e Antônia Porfirio da Silva (doméstica), sendo ela a primogênita de uma família de cinco filhos: Maria Simão, Antonia Luiza, Francisco filho e Francisco Simão.  Sua infância foi bastante sofrida, aos sete anos perde sua amada mãe, recaindo sobre ela a responsabilidade de criar seus irmãos, nesta fase ajuda seu pai nos serviços domésticos e seus irmãos passam a tê-la como mãe. Teresa era tão pequena que para cozinhar tinha que subir num banquinho para alcançar as panelas no fogão. Com tanta responsabilidade não teve oportunidade de estudar. Mas se dedicou a educação de seus irmãos. Sua infância não foi fácil. Seu pai em busca de dias melhores deixa Santana do Cariri e vem morar em Brejo Santo, na rua Padre Abath, (conhecida como rua da Lama) onde Teresa viveu o restante da infância e sua adolescência marcada por muito sofrimento e dificuldades. Após o novo casamento de seu pai com Socorro de Sousa, que lhe deu mais dois irmãos, Fátima e João, seu sofrimento só aumentou, pois, sua madrasta a maltratava.

 Teresa era uma linda moça e atraia os olhares dos jovens da época, foi nesta ocasião que conheceu o jovem José Francisco que trabalhava em uma oficina próximo de sua casa. 

Em 1951, aos treze anos casou-se com José Francisco da Silva, e juntos constituíram uma família composta por 11 filhos. Sendo Maria de Lourdes, Maria Setembrina, Maria Eunice, Francisco de Assis, Afonso Simão, Francisco Simão, Maria Simão, Maria Aparecida, Maria Adriana, Cícero Alexsandro e Maria de Fátima sua sobrinha (filha do coração), no ano de 1969 Teresa perde seu amado pai. 

Teresa era prendada como falava na época aprendeu muito cedo a habilidade da costura, ela marcava, bordava e fazia as roupas dos filhos costurada a mão com capricho e perfeição. Nascia o desejo de possuir uma máquina de costura, daí seu esposo presenteou-a com sua primeira máquina trazida de São Paulo por um caminhoneiro seu amigo. Com a chegada da sua máquina de costura suas amigas: Alcina de Augusto Frandeiro e Mocinha de Acásio ensinaram-lhe a manuseá-la. Com o passar do tempo aperfeiçoou a sua habilidade de costurar e resolveu costurar para fora (linguagem da época) para ajudar seu esposo nas despesas da família. Teresa transformou-se em uma grande costureira sendo considerada uma das melhores da cidade de Brejo Santo. Em dias de festas virava as noites para dar conta das entregas que eram muitas. A elite da cidade trazia os diversos modelos de roupas das vitrines de recife e de fortaleza para serem confeccionadas por ela com amor e perfeição.

Teresa mesmo sem ter estudado era uma mulher culta e sábia de pulso forte, de fibra, guerreira, corajosa e honesta, sempre contribuiu com perfeição na educação de seus filhos, na compra de livros, no acompanhamento na escola, assim como, nas tarefas que traziam para casa. Sentia-se realizada por ter dado a maior herança que uma mãe pode deixar para os filhos (o saber).

Teresa era muito religiosa, participava das missas dominicais, festas religiosas, colaborando sempre com a festa do padroeiro da cidade. Dedicou seu tempo a frente as novenas e coroações de Nossa Senhora de Fátima no bairro São Francisco. Criou os filhos ensinando a doutrina cristã. Todos os dias reunia os filhos as 18:00 horas para rezarem o santo terço, era devota de São Francisco, do Sagrado Coração de Jesus e de Santa Terezinha do Menino Jesus.

Em 30 de junho de 1974, Teresa perde seu filho Francisco de Assis aos 16 anos, e sofreu muito com essa fatalidade. 

Teresa foi funcionária pública municipal de 01 de fevereiro de 1983 à 07 de janeiro de 1995, passando 12 anos na função de auxiliar de merenda escolar.    

Em 1991, foi acometida de um problema renal crônico passando a fazer hemodiálise três vezes por semana no hospital santo Antônio de Barbalha, consequentemente montou um laboratório em sua residência dando continuidade ao tratamento sem ter que se deslocar para o hospital. Seu tratamento perdurou por 12 anos de busca pela vida.

Aos 24 dias do mês de novembro de 2003, veio a falecer aos 65 anos de uma infecção generalizada na Unirim do Crato-ce. Seu velório aconteceu na rua Santa Terezinha onde foi cortejada por familiares e amigos, vindo a ser sepultada no Cemitério São João Batista na cidade de Brejo Santo-ce.