quinta-feira, 21 de outubro de 2021

Peças de fósseis levadas ilegalmente do Ceará retornam ao Museu de Santana do Cariri

foto: Elizangela Santos/ Ascom Urca

O município de Santana do Cariri recebe 36 peças de fósseis que haviam saído ilegalmente do Brasil e agora retornam para seu local de origem. Para oficializar a chegada dos fósseis, o Museu de Paleontologia realizou solenidade de recebimento oficial nesta quinta-feira, 21. O material estava na Universidade do Kansas, nos Estados Unidos. A partir de agora estão sob a salvaguarda da Universidade Regional do Cariri (Urca), por meio do Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens. 


Conforme informações divulgadas pelo Governo do Estado, este material havia saído ilegalmente do Brasil. Entre as peças que chegam ao Ceará está a aranha Cretapalpus vittari — que homenageia a cantora Pabllo Vittar. Tendo em vista a projeção internacional da artista nos Estados Unidos, os pesquisadores americanos decidiram realizar a homenagem.


O fóssil mencionado pertence a uma aranha da família Palpimanidae, oriunda da Chapada do Araripe, no extremo sul do Estado. O exemplar é o mais velho registrado em toda a América do Sul, sendo datado da Era Mesozóica (que ocorreu entre 250 e 65 milhões de anos atrás).


O processo de devolução se iniciou após uma mobilização de paleontólogos brasileiros, diante da publicação de um artigo científico, nos Estados Unidos, a respeito dos fósseis. Os pesquisadores brasileiros começaram a questionar, através das redes sociais, como o material chegou ao país americano.


Um dos pesquisadores brasileiros foi o professor da Universidade Regional do Cariri, Renan Bantim. Ele explica, em entrevista á Rádio CBN/Cariri, que a iniciativa de devolver o material partiu do próprio autor do artigo, o paleontólogo americano Matthew R.Downen. “O americano não sabia dessa situação de tráfico. Então ele se propôs a iniciar uma conversa para a devolução desse material ao Brasil. Ele entrou em contato com o pessoal do museu do Kansas, e explicou toda situação. Depois ele me procurou para iniciar esse procedimento de devolução material”, explica Renan.


Ainda de acordo com o pesquisador, não é possível dizer se o ocorrido se trata de tráfico de fósseis, entretanto, a situação é vista com suspeitas pela comunidade científica brasileira: ‘Não se tem conhecimento se foi feito tráfico de fósseis para instituição, mas acredita-se que a pessoa que fez a doação à instituição trabalha com aranhas fósseis do mundo. E ele esteve na região há algumas décadas atrás e pode ter levado esse material para fora do Brasil”. 


Em nota oficial, o diretor do Museu de Paleontologia, Allysson Pinheiro, comemora a conquista do material: "Até porque esteve acima das expectativas. Vieram mais fósseis do que o previsto, até mesmo daqueles que não se tinha conhecimento de estarem nos EUA. A forma ilegal como o fóssil saiu do Brasil acabou sendo alvo de inquérito do Ministério Público Federal (MPF) no Ceará".


*Da redação do BFJR com O POVO.