TEMPO DE CRIANÇA
Quando eu era menino
Numa vida natural
Vivia tangendo bode
Em um cavalo de pau
Andando de pés no chão
Com um currupi na mão
E um peão de berimbau.
A criança tem razão
No que faz e no que diz
Eu ainda estou lembrado
Das trapaças que eu fiz
Gravei na imaginação
Mesmo sendo uma ilusão
Eu me sinto mais feliz.
Hoje o povo se comporta
De uma forma diferente
Com tolice se entretendo
Rir com o que ver pela frente
Pouco liga pra estudar
Sem saber valorizar
Deixando o saber doente.
Eu lembro e fico a sentir
Saudades do meu passado
De criança e adolescente
Com meus irmãos lado a lado
Nossos pais no mesmo berço
E a rezar aquele terço
Eu já era acostumado.
Eu andei num jumentinho
Para poder estudar
Nas caminhos do sertão
Tive um passado exemplar
E nesta grande dividida
Eu aprendi com a vida
A sorrir e a chorar.
As vezes fico a pensar
No tempo que me atrofia
No excesso de poder
Que antes não existia
O direito sem ter vês
E ser criança outra vez
É tudo que eu gostaria.
Poeta Acrisio Pereira
Brejo Santo, 17/02/2022