segunda-feira, 25 de março de 2024

Caso Marielle: criminosos pagavam até R$ 300 mil para delegacia no RJ, diz PF

O relatório da Polícia Federal (PF) sobre as investigações do caso Marielle cita um documento que afirmava que o delegado Rivaldo Barbosa, preso no domingo (24) pela morte da vereadora Marielle Franco e Anderson Gomes, interferia no andamento e na elucidação de casos envolvendo bicheiros. O relatório aponta que pagamentos para obstruir investigações poderiam chegar a R$ 300 mil por caso, além de um valor mensal que era pago ao grupo.


O documento que falava sobre Rivaldo e foi citado pela PF foi produzido durante a intervenção na segurança pública no Estado do Rio de Janeiro, em 2018, e que foi encaminhado aos generais Walter Braga Netto, então interventor, e Richard Fernandez Nunes, o secretário de Segurança.


Segundo as investigações, a intenção da obstrução destes casos era proteger os contraventores e seus crimes. O material está dentro do relatório da Polícia Federal que embasou a prisão de Rivaldo e dos irmãos Brazão.


O relatório aponta o indício do envolvimento de Rivaldo com diversos crimes, como organização criminosa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O documento destaca que ele manteve um esquema criminoso enquanto foi chefe da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC).


Em depoimento aos policiais federais, Orlando Curicica contou que existia um sistema de pagamento mensal previsto para que o comando da Delegacia de Homicídios não investigasse os assassinatos. O pagamento funcionava como uma mesada e variava entre R$ 60 mil a R$ 80 mil. Segundo ele, remessas adicionais deveriam ser pagas nos casos dos crimes que deixavam provas e rastros.


Curicica dá como exemplo de mortes ligadas à contravenção que não foram devidamente investigadas. Ele cita as mortes de Marcos Falcon, presidente da Portela morto a tiros em setembro de 2016; Haylton Carlos Gomes Escafura, assassinado com a mulher em um hotel na Barra da Tijuca em 2017; e Geraldo Antônio Pereira, morto em um tiroteio em uma academia de ginástica no Recreio dos Bandeirantes em 2016.


O documento afirma que a DHC teria recebido de uma pessoa ligada ao contraventor Rogério Andrade cerca de R$ 300 mil para não “perturbar” os prováveis envolvidos na execução de Pereira.


O advogado de Rivaldo Barbosa, Alexandre Dumans, disse que seu cliente não obstruiu as investigações das mortes de Marielle e Anderson.


"Ao contrário. Foi exatamente durante a administração dele que o Ronnie Lessa foi preso", afirmou.

 


*Fonte: g1