sexta-feira, 22 de março de 2024

COLUNA DA JACQUELINE

Quer conhecer alguém? Assopre ou esprema!


Gosto muito da filosofia indiana. A disseminação de ideias e práticas indianas moldou a visão da espiritualidade ocidental. O interesse científico sobre a espiritualidade abre caminhos para o encontro entre as  ciências ocidentais e a espiritualidade oriental, contribuindo assim, para a ampliação do conhecimento sobre a complexidade da mente humana.

Estes dias pus-me a ler alguns artigos sobre filosofia indiana. O que me instigou ? Um documentário sobre a amizade entre o arcebispo Desmond Tutu e o Dalai Lama, e  a coragem para conduzir a vida com alegria, mesmo diante das adversidades. Indico e brevemente escreverei sobre este documentário: Missão: Alegria em tempos difíceis.

Voltemos ao titulo da coluna: Quer conhecer alguém? Assopre ou esprema!

Fiquei a matutar sobre este proverbio indiano e comecei a buscar respostas. Não é que encontrei a resposta dada por um monge ao seu discípulo:

“Assoprar significa engradecer, empoderar, oferecer espaço para que alguém se sinta enorme ao ponto de punir ou prejudicar alguém por mera contrariedade, exercício de poder ou inadequado uso da moral e do conhecimento adoecidos em soberba. Dê chance para que o orgulho, a vaidade e o egoísmo se manifestem. Então, observe se o indivíduo se manterá, de modo honesto, dentro das fronteiras da humildade, simplicidade, compaixão, sensatez e pureza. Assim entenderá quem o domina, se já caminha com firmeza no eixo da própria luz ou se ainda é vulnerável às suas sombras pessoais. 

Espremer é buscar o mesmo resultado com outra equação; diga não aos pedidos, contrarie, crie obstáculos, cancele uma permissão ou retire algo de alguém. A reação da pessoa o fará entender as fronteiras já alcançadas por aquela alma, em que curva do caminho ela se encontra. 

Observe o fluxo da vida. Por vezes somos assoprados, noutras espremidos. Esse movimento natural, como o vai e vem das marés, nos ajuda a conhecer quem convive ao nosso lado. Não para censurar, mas para compreender o valor da compaixão. Todos ainda somos alunos dessa maravilhosa escola planetária, uns mais, outros menos graduados do que a gente. No entanto, o mais importante é aproveitar esse mesmo fluxo para saber quem somos. As nossas reações falam muito sobre nós. Equivalem a uma autópsia da alma; mostram jardins e desertos, cicatrizes e feridas; o avesso que negamos admitir se revela. A maneira como me comporto quando a vida me permite decisões capazes de influenciar as condições de outras pessoas; de outro lado, como reajo todas as vezes que ela me toma algo que não admito perder indica o que trago e o que falta na minha bagagem”. 

Então, que  no assoprar e espremer da vida não percamos nunca nossa humanidade!

Ana Jacqueline Braga Mendes