O São João é uma festa popular, umas das mais antigas do país, a cada ano os festejos são modificados e adaptados à modernidade. Há quem diga, por exemplo, que não se faz mais São João como antigamente, que as modificações da festa acabaram afastando o real sentido pelo qual ela foi originada, como também há quem defenda as modificações como uma forma de adaptação à modernidade.
As reinvenções no setor cultural é algo natural de acontecer, as tradições na medida que são praticadas vão perdendo um pouco de sua originalidade, de suas raízes. Um exemplo disso são as atrações que se apresentam durante as festas, hoje pode-se ver vários gêneros além do nosso amado forro, nos palcos de todo nordeste. Em 2017, a polêmica do ‘forró versus sertanejo’ tomou repercussão quando artistas como Alcimar Monteiro e Elba Ramalho se posicionaram contra o gênero sertanejo entre as apresentações do São João de Campina Grande.
Infelizmente o que me deixa entristecido não é a inclusão de outros gêneros musicais nos festejos juninos, mais sim a perca da “essência junina”, o conceito do São João puro, autêntico, dos sertões nordestinos, que vem, a cada ano perdendo essa pureza que é a sua maior grandeza. Em muitas músicas ditas juninas, os seus compositores e intérpretes têm dado a elas uma conotação maldosa, de duplo sentido, distorcendo a sua originalidade.
Como apaixonado pela tradição do São João, sou admirador da singeleza da festa e ouvinte da boa música nordestina, fico feliz em saber que ainda existe grandes representantes da boa música, herdeiros de Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Sivuca e outros sanfoneiros que fizeram história no nosso país. Em comemoração aos festejos deixo aos meus leitores um verso da música “Noites brasileiras” do rei Luiz Gonzaga e do grande Zé Dantas lançada em julho de 1954 e relançada oito anos depois, em 1962, no LP São João na Roça da RCA Victor:
“Ai que saudades que eu sinto
Das noites de São João
Das noites tão brasileiras nas fogueiras
Sob o luar do sertão...
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