No Ceará, o mês de junho não é só tempo de festa é tempo de resistência, de celebração da identidade e de trabalho para milhares de cearenses. As festas juninas movimentam muito mais do que o coração do povo: movimentam também a economia do estado. De acordo com a Federação das Quadrilhas Juninas do Ceará (Fequajuce), os festejos juninos injetam cerca de R$ 130 milhões por temporada e geram cerca de 8 mil empregos diretos e indiretos. É dinheiro circulando na mão de costureiras, chapeleiros, montadores de palco, comerciantes e muitos outros que encontram nesse período uma oportunidade de renda. Só Fortaleza responde por 30% desse aquecimento econômico, tornando-se um verdadeiro centro pulsante durante o São João.
Mas não é só de cifras que vive o São João. O que move essa festa é a força da cultura popular. Com cerca de 400 grupos de quadrilhas juninas espalhados pelo estado e cerca de 350 festivais realizados anualmente, o ciclo junino é também um poderoso instrumento de inclusão social e fortalecimento das raízes culturais, especialmente nas periferias urbanas e nas comunidades do interior. O apoio do Governo do Estado tem sido essencial: só em 2025, mais de R$ 6 milhões foram destinados a editais para fortalecer as quadrilhas e manter essa tradição viva e acessível.
E como toda arte que pulsa do povo, o movimento junino luta por reconhecimento. O projeto de lei nº 89/2025 quer tornar as quadrilhas juninas patrimônio cultural imaterial do Ceará e não é por acaso. Elas são mais que coreografias e figurinos: são o grito de um povo que dança sua história, canta sua luta e faz das quadras um palco de pertencimento. Que esse São João siga sendo abrigo e bandeira, poesia viva que acende fogueiras no peito e esperança nas comunidades. Porque quando a quadrilha entra em cena, entra junto o Ceará inteiro com seus sonhos, suas cores e seu jeito único de celebrar a vida.