
Rita de Sinésio (in memoriam), e suas caridades de arrepiar os corações! Homenagem a amiga que partiu, mas deixou seu legado.
Em 2018 tive o privilégio de conversar com Rita (in memoriam) uma pessoa que admiro muito, não só ela, mas toda sua família que também fez e faz história na cidade de Brejo Santo. Hoje, com muita tristeza no coração, trago a conversa que tivemos na integra. São pessoas de bem que sempre foram presença na vida dos que fazem a cidade. Refiro-me a Rita Bezerra Feijó, a qual nasceu no ano de 1953, na cidade Brejo Santo, parto normal em casa, a parteira Lourdes Marinheiro. Seus pais Sr. SINESIO GOMES DE SANTANA E ERONDINA FEIJÓ DE MEDEIROS (in memoriam), seus Irmãos Francisco Gomes Feijó (Chico de Cinézio), dono da Caldeira do Inferno o qual ela diz que ama e este toma café da manhã com ela todos os dias. Outros irmãos Sônia Gomes, Maria Eneida Gomes (in memoriam) mãe de Adjan, Eunice (morreu criança), Inês (in memoriam), Antônio Feijó (in memoriam), Maria do Socorro Gomes de Miranda, José Gomes Feijó, Maria de Fátima Gomes.
Rita de Sinésio muito nos ensina com sua irreverencia e sua sinceridade e principalmente com suas caridades em servir e sua maneira de encarar a vida. Quando pergunto sobre sua infância, a resposta é peculiar ao seu jeito, começa rindo, com a gargalhada que só Rita sabe dar. “Infância melhor do mundo, enquanto podia dar no povo eu dava, escolas, brigando, nunca quis saber de estudar, fiz o 3º ano primário quatro anos com a minha amada e adorada professora Maria Heraclides Miranda (in memoriam), foi quem me formou, fez minha “faculdade”, hoje eu agradeço quem eu sou a ela, que ela esteja no céu, amei e continuo amando, mesmo no céu, foi quem conseguiu me dobrar quatro anos dentro de uma sala de aula!” Rita elogia Dona Heraclides, tem um carinho e afeição por ela, pois ela sem corresponder aos estudos, a professora sempre dava nota 10 e segundo Rita, seu pai Sinésio sempre procurava a professora e perguntava se ela passou, e Dona Heraclides, dizia ao mesmo que não, mas não tinha o que fazer a não ser passar ela de ano e assim foram quatro anos na mesma série. Rita diz com seu jeito de ser: “Foi uma faculdade e que hoje não troco por uma faculdade de Medicina”. Que descontração e aventura conversar com Rita e seu bom humor! Dirijo-me a Rita e faço uma pergunta bem sutil, porém com uma curiosidade sobre suas aventuras de infância. Solto uma risada após sua resposta: “Não queira não, Fátima, era tanto coisa ruim, a única coisa que eu não queria era namorar, só pensava em fumar na classe e ficar na janela da classe e incentivar os meninos a fumar, ela fazia uma pergunta e eu respondia de forma errada, e os meninos começavam a rir. E a melhor cena foi que um dia ela colocou Dona Neli para substituir ela, ela elevou um cartaz com uma boca, dois olhos, duas orelhas e um nariz. Os colegas eram Ednaldo Nicodemos, Tita, entre outros e eu sei que a cada um eu dei a resposta. Quando ela perguntar para que serve os olhos, pra enxergar, para que serve os dentes, pra mastigar, e os ouvidos pra escutar”. Reportei-me as novelas que tratam de colégios e escolas como a Carrossel que tinha as crianças travessas, enfim vi a cara de Dona Neli com aquela seriedade toda enfrentando Rita de Sinésio. Pois bem, Dona Neli ao conversar com Dona Heraclides, entregou a sala e disse que com a filha de Sinésio não tinha quem pudesse. Outra professora que também substituiu dona Heraclides foi Antonieta, no dia das mães e pediu para ela cantar em homenagem as mães, Rita se comprometeu, mas quando a chamaram Rita de Sinésio no dia, ela subiu em uma mesa e disse: “Estou aqui por que cheguei não digo nada por que não sei”. Saiu correndo e foi expulsa por mais uma travessura.
Rita foi criada por sua avó, e com dez anos de idade se deslocava até o Serrote (Hoje alto da Bela Vista) para ajudar a quem precisava, principalmente com redes, mantimentos e aos leprosos que tinha no serrote. Banhava os doentes e certa vez foi chamada atenção por Dr. Lucena com cuidados para não contrair a doença. Mas teimava e sempre ajudava. Um dos fatos caridosos de Rita foi adoção portador de deficiência mental, cujo nome era Pedro. Pedro era de Jamacaru, mas Rita tinha todo cuidado, pois o mesmo fora abandonado pela família. Segundo Rita, René foi até sua casa chamar sua atenção para ter cuidado com Pedro e o retirasse de casa. Mas Rita relutou, mas mesmo assim colocou Pedro em um quarto. Um dia Pedro caiu do alto da reforma da Câmara quando Nilvan estava reformando, ele subiu e pulou machucando os pulmões. Pedro sumiu e por intermédio de Jesus de João Horácio (in memoriam) dando notícia de que ele estava ardendo em febre. Rita foi até ao encontro dele e levou ao hospital. Os médicos não queriam recebê-lo por ele ser doente mental, mas Rita se responsabilizou, até que ele ficou curado. Depois deste fato, Rita investigou onde ele morava e descobriu o nome do pai o qual se chamava Zé Pequeno e no intuito de levá-lo de volta a sua família, foi até a casa de Juarez Sampaio (in memoriam) e pediu um carro. Juarez deu o carro e o motorista era Cizinho Macaúba, Rita juntou alguns meninos e foi deixá-lo, os meninos ela relata que eram Carlinho e Tonho de Azulão, com ela e outros. Colocou o colchão e foi até Jamacaru, mas quando chegou lá a família não recebeu Pedro e Rita retorna com Pedro. Arranjou um local no Projeto ABC e assim cuidou de Pedro até o dia em que este falecera, pois este caíra na ponte da Taboqueira e desta feita não sobreviveu. Chamava Pedro, o doido de Rita. Segundo Rita quem deu a extrema unção foi a Irmã Sacramentina Irmã Maria Alice (in memoriam). Rita resolveu tudo com as ofertas de dinheiro que deram a Pedro, inclusive com o que sobrou ele deu a um casal, que não tinha como enterrar a filha (um anjinho). Rita assim, com suas caridades, hoje cuida de outro doente mental, Chico de Messias junto com a Família de Abreu.
Na juventude Rita foi abençoada, segundo ela, brincou de uri busca, namorou, mas não queria casar, pois o noivo era mais jovem, mas como ela mesmo diz: “Mas ele queria casar...” casou e hoje é separada e assim teve dois filhos e tem seus netos. Rita trabalha na câmara de Vereadores há 34 anos, amiga de todos os vereadores e ama a todos e não tem queixa de nenhum adora o Presidente João Batista, o primeiro Presidente foi Arônio, Pinto Martins, Jaime, Walmir Lucena. Ama o que faz e só deseja sair de lá quando morrer, pois se sair disse que pode interná-la no abrigo de idosos em Milagres o qual também ajuda em seu anonimato, com toalhas, fraldas, lenções enfim no que pode. Certa vez, ganhou uma cadeira e foi deixar em Milagres, depois ganhou um som e foi deixar junto com os cds. Que lindo testemunho!
Rita hoje reside na Rua Manoel Leite, ama seus dois filhos Jeferson e Jessé e seus 3 netos e seu neto Josemir com 15 anos é que é especial, muito bem cuidado pela mãe Janeide. Rita cita com carinho as pessoas do Monsenhor Dermival, se perguntá-lo ele não a conhece como Rita de Sinésio, mas a doida, isso porque com suas caridades, na época já participava da Igreja ajudando Padre Pedro Inácio Ribeiro, pois tudo que mandava fazer Rita fazia, inclusive limpar Padre Pedro. Ajudou Monsenhor Dermival com venda de umas bonecas. Rita concluiu este momento com a frase: “Que caridade é quem leva você pra frente”. Rita é devota de Padre Cicero e de Nossa Senhora da Conceição.
Agradeço a Rita, na época, por sua disponibilidade! Deus lhe conceda paz na vida eterna e que suas caridades sejam exemplo para todos nós!