A Unidade Prisional de Segurança Máxima do Ceará, localizada em Aquiraz, inaugurou nesta segunda-feira (15) um sistema de monitoramento de áudio capaz de captar conversas entre detentos e seus advogados. A tecnologia, implementada a pedido do Ministério Público do Estado (MPCE), tem um alvo claro: as lideranças de organizações criminosas que, mesmo atrás das grades, continuam a ordenar crimes e a gerir o tráfico de drogas utilizando a estrutura jurídica como canal de comunicação.
Com capacidade para 168 internos de alta periculosidade, a unidade torna-se a primeira estadual nas regiões Norte e Nordeste a adotar esse nível de vigilância, antes restrito aos presídios federais. Segundo o procurador-geral de Justiça, Haley Carvalho, que inspecionou o sistema, a medida é estratégica para "quebrar a cadeia de comando" das facções. Até então, a falta de gravação ambiental era um dos motivos que forçavam a transferência de chefes do crime para penitenciárias federais fora do estado.
O secretário executivo da Administração Penitenciária, Álvaro Maciel, reforçou que a mudança eleva o status de segurança do presídio estadual, permitindo maior autonomia no combate ao crime organizado local. A gravação das conversas, embora polêmica por tocar na prerrogativa do sigilo advocatício, é amparada em casos específicos de segurança máxima para evitar que o parlatório se torne um escritório do crime.
*Da redação do Blog do Farias Júnior com O POVO.