O jovem de 19 anos que morreu após invadir a jaula de uma leoa em um zoológico de João Pessoa vivia uma história marcada por abandono, falta de acolhimento e transtornos mentais não tratados. Identificado como Gerson de Melo Machado, ele era acompanhado há anos por conselheiros tutelares, que relatam uma vida inteira de vulnerabilidade extrema.
De acordo com relatos da rede de proteção, Gerson cresceu em um ambiente familiar frágil. A mãe tinha esquizofrenia, os avós enfrentavam problemas de saúde mental e a casa onde vivia não oferecia condições mínimas de cuidado.
Aos 10 anos, foi encontrado sozinho em uma rodovia e encaminhado ao sistema de acolhimento institucional, onde permaneceu alternando entre abrigos e ruas, sem estabilidade ou estrutura familiar.
Desde criança, Gerson dizia sonhar em “domar leões” e viajar para a África. Esse desejo alimentava comportamentos impulsivos: em uma ocasião, ele chegou a invadir a pista de um aeroporto tentando embarcar clandestinamente. Os conselheiros acreditam que esses episódios estavam ligados a transtornos mentais que só foram diagnosticados tardiamente.
O caso que levou à sua morte aconteceu quando o jovem escalou uma estrutura de mais de seis metros e entrou no recinto onde os animais estavam. A leoa reagiu imediatamente, resultando na morte dele no local. O zoológico suspendeu as atividades para investigação das circunstâncias e possíveis falhas de segurança.
A trajetória de Gerson levanta debates sobre a fragilidade dos sistemas de acolhimento, a falta de suporte psicológico contínuo para jovens vulneráveis e o impacto do abandono prolongado. Profissionais que acompanharam o caso afirmam que, com apoio adequado desde a infância, a tragédia poderia ter sido evitada.
*Da redação do Blog do Farias Júnior com Metrópoles.