segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Nove dias, 102 mortes: matemática assustadora dos presídios expõe fragilidade do país


Celas superlotadas, infiltrações nas paredes, mau cheiro. Alimentação de baixa qualidade, corrupção e abandono do poder público. Brigas por motivos fúteis; disputa pelo poder do tráfico. Mortes, sangue e violência. O retrato fiel do sistema prisional brasileiro vive suas páginas mais dolorosas no início deste ano de 2017. Uma onda de rebeliões iniciada no Amazonas resultou em uma cruel matemática: em nove dias, já foram 102 presos mortos.

O ápice foi na madrugada do último domingo. Dentro dos pavilhões do Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus, no Amazonas, 57 presos vinculados ao Primeiro Comando da Capital (PCC) foram brutalmente assassinados por detentos ligados à facção Família do Norte - ambos os grupos disputam o poder do tráfico de drogas. As cenas que sem demora foram parar nas redes sociais chocavam pela crueldade: corpos foram mutilados e muitas das vítimas decapitadas.

Neste domingo, 8, mais quatro foram mortos durante motim na Cadeia Pública Desembargador Raimundo Vidal Pessoa, na região central de Manaus. A cadeia estava desativada e foi reaberta na semana passada em função dos desdobramentos do grande massacre no Compaj. Foram levados para lá detentos ligados ao PCC e outros internos que recebiam constantes ameaças. O governo do Amazonas não considerou as novas mortes como briga de facção.

Fonte: Blast News