Carta de um filho distante
Quantas coisas eu poderia dizer sobre a nossa cidade, nesses dias em que comemoramos seu aniversário. Mas, se existe uma palavra que pode resumir tudo o que sinto nesse momento, a palavra é: Obrigado!
A gratidão de ser filho dessa terra tão querida vem acompanhada de uma palavra que só existe na língua portuguesa: Saudade! É impossível, por exemplo, para os italianos compreenderem o significado tão particular dessa palavra. Eles usam a palavra “nostalgia”. Nós brasileiros também a usamos. Mas sabemos que entre saudade e nostalgia existe uma ponte enorme de significados e de sentimentos.
Por isso, sinto saudade da minha terra amada. Sinto saudade da minha família, dos meus amigos, dos ambientes nos quais eu vivia. De modo particular, lembro da Igreja Matriz e do Padre Dermival, sacerdote por quem tenho profundo respeito e admiração. Como era bom, aos domingos, acordar logo cedo ao “som da igreja”, participar da missa e depois saborear um delicioso café em casa. Como era bom, à noite, poder sentar na calçada e conversar com os vizinhos e amigos. Como era bom andar pelas ruas sem medo de ser assaltado. Como era bom viver na terra que nasci e aprendi a amar.
Quando saí de Brejo Santo eu era ainda um adolescente em busca dos meus sonhos. Hoje, quase adulto, descobri que “os sonhos não envelhecem”. Morei em várias cidades diferentes, num pouco espaço de tempo. Em Recife, por exemplo, adorava o carnaval e a alegria do povo pernambucano. Mas sempre aguardava ansioso as férias para poder voltar ao meu “brejim”. Depois me mudei para São Paulo, e a distância já não me possibilitava voltar sempre. A capital paulista, embora seja um centro maravilhoso de cultura, educação e oportunidades, é uma cidade cruel: a violência, a pobreza, a poluição, o trânsito... E agora vivo na Itália. Aqui ficarei por quase dois anos sem voltar de férias para casa. Roma é conhecida como a “cidade eterna”. Mas eterna, para mim, sempre será a minha querida Brejo Santo.
Sou muito agradecido a Deus pelas oportunidades que tenho na vida. Nas várias cidades em que morei, conheci pessoas maravilhosas, vivi experiências muito interessantes. Mas, o que quero dizer é que nenhum lugar é como a casa da gente. De fato, existe uma música em italiano que diz: “Nessun posto è come casa mia” (nenhum lugar é como a minha casa). Por isso, me alegro muito quando vejo que em Brejo Santo, apesar da crise que assola o Brasil, as coisas vão bem. A cidade cresce; as pessoas estão satisfeitas; escolas com níveis excelentes de educação; um evento grandioso como a ExpoBrejo etc. E acredito que continua aquele mesmo ar acolhedor de sempre.
Queridos conterrâneos, mantenham viva essa característica tão preciosa de nossa cidade, que é a de cuidar bem das pessoas e acolher a todos sem preconceitos. Usufruam das coisas boas que a nossa terra oferece. Reclamem e corrijam algum problema que possa acontecer. E não se esquecem de valorizar e preservar a nossa história. Lembro-me que na escola sempre cantávamos o hino de Brejo Santo. Ensinem as crianças a cantarem! É uma coisa simples, mas que marca profundamente a nossa vida. Principalmente quando estamos longe. Feliz aniversário, amada cidade. E até breve!
