Associar as manifestações culturais do presente aos seus processos históricos.
Vamos dar continuidade as análises da competência 1. Compreender os elementos culturais que constituem as identidades, através das seguintes habilidades :
HABILIDADE 3 -ASSOCIAR AS MANIFESTAÇÕES CULTURAIS DO PRESENTE AOS SEUS PROCESSOS HISTÓRICOS.
HABILIDADE 4 – COMPARAR PONTOS DE VISTA EXPRESSOS EM DIFERENTES FONTES SOBRE DETERMINADO ASPECTO DA CULTURA.
HABILIDADE 5 – IDENTIFICAR AS MANIFESTAÇÕES OU REPRESENTAÇÕES DA DIVERSIDADE DO PATRIMÔNIO CULTURAL E ARTÍSTICO EM DIFERENTES SOCIEDADES.
PROFESSOR PIXOTE CRUZ EXPLICA.
Essas habilidades exigem do estudante uma compreensão sobre as diversas formas de culturas, suas origens, seu contexto e sua ação em nosso meio social através da diversidade cultural, conflitos e vida em sociedade; da Cultura Material e imaterial; o Patrimônio e diversidade cultural no Brasil; História cultural dos povos africanos;- O negro na formação da sociedade brasileira; História dos povos indígenas e a formação sociocultural brasileira; Movimentos culturais no mundo ocidental e seus impactos na vida política e social; formas de governo e estruturas de organização social e destacam que os autores clássicos, como Platão e Aristóteles; os teóricos do absolutismo Thomas Hobbes e Nicolau Maquiavel, e do iluminismo, como Jean-Jacques Rousseau, Voltaire e Denis Diderot; entre autores contemporâneos o Enem costuma trazer questões envolvendo Sartre, Heidegger, Michel Foucault e os filósofos da Escola de Frankfurt, como Adorno, Horkheimer, Marcuse, Habermas e Walter Benjamin, que abordam a indústria cultural e da reprodutibilidade técnica.
Além disso essas competências abordam comparações de diferentes pensadores acerca de questões de natureza social, política, econômica e filosófica presente em nossa sociedade ao longo da história da humanidade. Enfim, a análise de produções culturais vista em sua riqueza e diversidade.
Vamos verificar como essas três habilidades apareceram no Enem
H3 – ASSOCIAR AS MANIFESTAÇÕES CULTURAIS DO PRESENTE AOS SEUS PROCESSOS HISTÓRICOS.
1 – (ENEM, 2012)
Torna-se claro que quem descobriu a África no Brasil, muito antes dos europeus, foram os próprios africanos trazidos como escravos. E essa descoberta não se restringia apenas ao reino linguístico, estendia-se também a outras áreas culturais, inclusive à da região. Há razões para pensar que os africanos, quando misturados e transportados ao Brasil, não demoraram em perceber a existência entre si de elos culturais mais profundos. SLENES, R. Malungu, ngoma vem! África coberta e descoberta do Brasil. Revista USP, n. 12, dez./jan./fev. 1991-92 [adaptado].
Com base no texto, ao favorecer o contato de indivíduos de diferentes partes da África, a experiência da escravidão no Brasil tornou possível a
A. formação de uma identidade cultural afro-brasileira.
B. superação de aspectos culturais africanos por antigas tradições europeias.
C. reprodução de conflitos entre grupos étnicos africanos.
D. manutenção das características culturais específicas de cada etnia.
E. resistência à incorporação de elementos culturais indígenas.
GABARITO: A
RESOLUÇÃO - O texto fala da mistura dos africanos ao serem transportados para o Brasil, e suas consequ¬ências, e o candidato deveria se lembrar que isso acaba por gerar uma integração entre os membros dessa etnia, o que é perfeitamente afirmado na letra “A”, levando à formação de uma cultura diferente da que eles traziam e, portanto, afro-brasileira. Não houve superação da sua cultura pelos europeus, o que é dito na letra “B”, e alguns conflitos entre etnias não podem ser generalizados a ponto de serem a marca deste processo, como é dito na letra “C”. O próprio texto mostra que houve mistura, portanto, não se pode falar em manutenção das características específicas de cada etnia, dito na letra “D”, e houve sim incorporação de elementos nativos à cultura africana, o que inviabiliza a letra “E”.
2 – (ENEM, 2010)
A gente não sabemos escolher presidente
A gente não sabemos tomar conta da gente
A gente não sabemos nem escovar os dentes
Tem gringo pensando que nóis é indigente
Inútil
A gente somos inútil
MOREIRA, R. Inútil. 1983 [fragmento].
O fragmento integra a letra de uma canção gravada em momento de intensa mobilização política. A canção foi censurada por estar associada
A. ao rock nacional, que sofreu limitações desde o início da ditadura militar.
B. a uma crítica ao regime ditatorial que, mesmo em sua fase final, impedia a escolha popular do presidente.
C. à falta de conteúdo relevante, pois o Estado buscava, naquele contexto, a conscientização da sociedade por meio da música.
D. à dominação cultural dos Estados Unidos da América sobre a sociedade brasileira, que o regime militar pretendia esconder.
E. à alusão à baixa escolaridade e à falta de consciência política do povo brasileiro.
GABARITO COMENTADO: a opção correta é a letra B, pois percebe corretamente a importância das manifestações culturais no combate ao autoritarismo do Regime Militar, que mesmo em seu período de maior fragilidade, ainda se utilizava de mecanismos diversos para coibir os movimentos de oposição.
http://educacao.globo.com/provas/enem-2010/questoes/19.html
3 – (ENEM 2010) Os tropeiros foram figuras decisivas na formação de vilarejos e cidades do Brasil colonial. A palavra tropeiro vem de “tropa” que, no passado, se referia ao conjunto de homens que transportava gado e mercadoria. Por volta do século XVIII, muita coisa era levada de um lugar a outro no lombo de mulas. O tropeirismo acabou associado à atividade mineradora, cujo auge foi a exploração de ouro em Minas Gerais e, mais tarde, em Goiás.
A extração de pedras preciosas também atraiu grandes contingentes populacionais para as novas áreas e, por isso, era cada vez mais necessário dispor de alimentos e produtos básicos. A alimentação dos tropeiros era constituída por toucinho, feijão preto, farinha, pimenta- do-reino, café, fubá e coité (um molho de vinagre com fruto cáustico espremido). Nos pousos, os tropeiros comiam feijão quase sem molho com pedaços de carne de sol e toucinho, que era servido com farofa e couve picada. O feijão tropeiro é um dos pratos típicos da cozinha mineira e recebe esse nome porque era preparado pelos cozinheiros das tropas que conduziam o gado.
Disponível em: <http://www.tribunadoplanalto.com.br>. Acesso em: 27 nov. 2008.
A criação do feijão tropeiro na culinária brasileira está relacionada à
A. atividade comercial exercida pelos homens que trabalhavam nas minas.
B. atividade culinária exercida pelos moradores e cozinheiros que viviam nas regiões das minas.
C. atividade mercantil exercida pelos homens que transportavam gado e mercadoria.
D. atividade agropecuária exercida pelos tropeiros que necessitavam dispor de alimentos.
E. atividade mineradora exercida pelos tropeiros no auge da exploração do ouro.
RESOLUÇÃO: C
O texto faz a ligação entre a culinária regional – o prato típico chamado feijão tropeiro – com grupos de mercadores que transportavam o gado e outras mercadorias, principalmente no interior do atual estado de São Paulo e Minas Gerais, chamados de Tropeiros. Os tropeiros além de levar as mercadorias das vilas do interior até as principais cidades, foram importantes na abertura de novos caminhos no território e na fundação de novas cidades, principalmente nos séculos XVIII e XIX.
http://educacao.globo.com/provas/enem-2010/questoes/19.html
4 – (ENEM, 2009) Hoje em dia, nas grandes cidades, enterrar os mortos é uma prática quase íntima, que diz respeito apenas à família. A menos, é claro, que se trate de uma personalidade conhecida. Entretanto, isso nem sempre foi assim. Para um historiador, os sepultamentos são uma fonte de informações importantes para que se compreenda, por exemplo, a vida política das sociedades. No que se refere às práticas sociais ligadas aos sepultamentos,
A. na Grécia Antiga, as cerimônias fúnebres eram desvalorizadas, porque o mais importante era a democracia experimentada pelos vivos.
B. na Idade Média, a Igreja tinha pouca influência sobre os rituais fúnebres, preocupando- se mais com a salvação da alma.
C. no Brasil Colônia, o sepultamento dos mortos nas igrejas era regido pela observância da hierarquia social.
D. na época da Reforma, o catolicismo condenou os excessos de gastos que a burguesia fazia para sepultar seus mortos.
E. no período posterior à Revolução Francesa, devido às grandes perturbações sociais, abandona-se a prática do luto.
RESOLUÇÃO: C
A sociedade colonial brasileira era marcada por forte hierarquização. Essa característica transparecia não somente no seu cotidiano, como também em seus rituais religiosos. Dessa maneira, na tradição da época, quanto mais importante na hierarquia social (como senhores de engenho, bispos etc.), mais próximo do altar da igreja ficavam seus assentos. Isso ocorria também nas cerimônias de sepultamento, em que os mais importantes na escala social eram enterrados próximo ao altar (até mesmo dentro da igreja) mais considerado era naquela sociedade.
http://educacao.globo.com/provas/enem-2009/questoes/48.html
5 – (ENEM, 2009) O Egito é visitado anualmente por milhões de turistas de todos os quadrantes do planeta, desejosos de ver com os próprios olhos a grandiosidade do poder esculpida em pedra há milênios: as Pirâmides de Gizeh, as tumbas do Vale dos Reis e os numerosos templos construídos ao longo do Nilo. O que hoje se transformou em atração turística era, no passado, interpretado de forma muito diferente, pois
A. significava, entre outros aspectos, o poder que os faraós tinham para escravizar grandes contingentes populacionais que trabalhavam nesses monumentos.
B. representava para as populações do alto Egito a possibilidade de migrar para o sul e encontrar trabalho nos canteiros faraônicos.
C. significava a solução para os problemas econômicos, uma vez que os faraós sacrificavam aos deuses suas riquezas, construindo templos.
D. representava a possibilidade de o faraó ordenar a sociedade, obrigando os desocupados a trabalharem em obras públicas, que engrandeceram o próprio Egito.
E. significava um peso para a população egípcia, que condenava o luxo faraônico e a religião baseada em crenças e superstições.
RESOLUÇÃO: A
O Egito Antigo tinha sua organização política constituída por uma monarquia teocrática em que o Faraó era considerado um “deus” na terra. Este exercia autoridade absoluta concentrando em suas mãos poder político e religioso. A forma de trabalho estabelecida no Egito era a servidão coletiva e a escravidão. Nesse sentido, o faraó comandava esses trabalhadores não somente na produção da agricultura, mas também na construção monumentos que tinham como objetivo demonstrar o seu poder e cultuar os deuses.
http://educacao.globo.com/provas/enem-2009/questoes/46.html
6 – (ENEM, 2011)
SMITH, D. Atlas da Situação Mundial. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 2007 [adaptado].
Uma explicação de caráter histórico para o percentual da religião com maior número de adeptos declarados no Brasil foi a existência, no passado colonial e monárquico, da
A. incapacidade do cristianismo de incorporar aspectos de outras religiões.
B. incorporação da ideia de liberdade religiosa na esfera pública.
C. permissão para o funcionamento de igrejas não cristãs.
D. relação de integração entre Estado e Igreja.
E. influência das religiões de origem africana.
RESOLUÇÃO: D
De acordo com o gráfico a maioria da população brasileira no ano de 2007 declarava serem pertencentes à religião católica. Esse quadro se explica devido a forte presença da Igreja Católica no Brasil através do estabelecimento do Padroado, regime em que a Igreja se submetia ao Estado, que era responsável pela sua manutenção. Tal sistema esteve presente não somente como elemento colonizador durante o Antigo Regime, mas também durante todo período Imperial.
http://educacao.globo.com/provas/enem-2011/questoes/36.html
H4 – COMPARAR PONTOS DE VISTA EXPRESSOS EM DIFERENTES FONTES SOBRE DETERMINADO ASPECTO DA CULTURA.
1 – (ENEM, 2010) “Pecado nefando” era expressão correntemente utilizada pelos inquisidores para a sodomia. Nefandus: o que não pode ser dito. A assembleia de clérigos reunida em Salvador, em 1707, considerou a sodomia “tão péssimo e horrendo crime”, tão contrário à lei da natureza, que “era indigno de ser nomeado” e, por isso mesmo, nefando.NOVAIS, F.; MELLO E SOUZA, L. História da Vida Privada no Brasil. V.1. São Paulo. Companhia das Letras, 1997 [adaptado].
O número de homossexuais assassinados no Brasil bateu o recorde histórico em 2009. De acordo com o Relatório Anual de Assassinato de Homossexuais (LGBT – Lésbicas, Gays, Bissexuais e Travestis), nesse ano foram registrados 195 mortos por motivação homofóbica no País. Disponível em: <http://www.alemdanoticia.com.br/ultimas_noticias.php?codnoticia=3871>.Acesso em: 29 abr. 2010 [adaptado].
A homofobia é a rejeição e menosprezo à orientação sexual do outro e, muitas vezes, se expressa sob a forma de comportamentos violentos. Os textos indicam que as condenações públicas, perseguições e assassinatos de homossexuais no país estão associadas
A. à baixa representatividade política de grupos organizados que defendem os direitos de cidadania dos homossexuais.
B. à falência da democracia no país, que torna impeditiva a divulgação de estatísticas relacionadas à violência contra homossexuais.
C. à constituição de 1988, que exclui do tecido social os homossexuais, além de impedi-los de exercer seus direitos políticos.
D. a um passado histórico marcado pela demonização do corpo e por formas recorrentes de tabus e intolerância.
E. a uma política eugênica desenvolvida pelo Estado, justificada a partir dos posicionamentos de correntes filosófico-científicas.
RESOLUÇÃO: D
A sociedade ocidental tem um histórico de condenação ao homossexualismo desde a idade Média. O monopólio cultural e ideológico da Igreja católica, desde esse período. fez com que as relações homoafetivas fossem condenadas como crime. Tal tradição veio sendo reproduzida ao longo do tempo através de exclusão, segregação e até mesmo violência a homossexuais que, infelizmente, permanecem até hoje.
http://educacao.globo.com/provas/enem-2010/questoes/41.html
2 – (ENEM, 2012)
Texto I
Anaxímenes de Mileto disse que o ar é o elemento originário de tudo o que existe, existiu e existirá, e que outras coisas provêm de sua descendência. Quando o ar se dilata, transforma-se em fogo, ao passo que os ventos são ar condensado. As nuvens formam-se a partir do ar por feltragem (sic) e, ainda mais condensadas, transformam-se em água. A água, quando condensada ao máximo possível, transforma-se em pedras.
BURNET, J. A aurora da Filosofia grega. Rio de Janeiro: PUC-Rio, 2006 [adaptado].
Texto II
Basílio Magno, filósofo medieval, escreveu: “Deus, como criador de todas as coisas, está no princípio do mundo e dos tempos. Quão parcas de conteúdo se nos apresentam, em face desta concepção, as especulações contraditórias dos filósofos, para os quais o mundo se origina, ou de algum dos quatro elementos, como ensinam os Jônios, ou dos átomos, como julga Demócrito. Na verdade, dão a impressão de quererem ancorar o mundo numa teia de aranha.” GILSON, E.: BOEHNER, P. História da Filosofia Cristã. São Paulo: Vozes, 1991 [adaptado].
Filósofos dos diversos tempos históricos desenvolveram teses para explicar a origem do universo a partir de uma concepção racional. As teses de Anaxímenes, filósofo grego antigo, e de Basílio, filósofo medieval, têm em comum na sua fundamentação teorias que
A. eram baseadas nas ciências da natureza.
B. refutavam as teorias de filósofos da religião.
C. tinham origem nos mitos das civilizações antigas.
D. postulavam um princípio originário para o mundo.
E. defendiam que Deus é o princípio de todas as coisas.
RESOLUÇÃO: D
Tanto a teoria do filósofo grego pré-socrático Anaxímenes de Mileto (588-524 a. C.), quanto do teólogo Basílio Magno, que viveu na Idade Média, procuram postular princípios da constituição do mundo. Se por um lado Anaxímenes estabelecia um princípio baseado na natureza que era o ar, Basílio Magno acreditava em um principio religioso, em que Deus era a origem de tudo.
http://educacao.globo.com/provas/enem-2012/questoes/28.html
3 – (ENEM, 2012)
Texto I
Experimentei algumas vezes que os sentidos eram enganosos, e é de prudência nunca se fiar inteiramente em quem já nos enganou uma vez. DESCARTES, R. Meditações e Metafísicas. São Paulo: Abril Cultural, 1979.
Texto II
Sempre que alimentarmos alguma suspeita de que uma ideia esteja sendo empregada sem nenhum significado, precisaremos apenas indagar: de que impressão deriva esta suposta ideia? E se for impossível atribuir-lhe qualquer impressão sensorial, isso servirá para confirmar nossa suspeita. HUME, D. Uma investigação sobre o entendimento. São Paulo: Unesp, 2004 [adaptado].
Nos textos, ambos os autores se posicionam sobre a natureza do conhecimento humano. A comparação dos excertos permite assumir que Descartes e Hume
A. defendem os sentidos como critério originário para considerar um conhecimento legítimo.
B. entendem que é desnecessário suspeitar do significado de uma ideia na reflexão filosófica e crítica.
C. são legítimos representantes do criticismo quanto à gênese do conhecimento.
D. concordam que conhecimento humano é impossível em relação às ideias aos sentidos.
E. atribuem diferentes lugares ao papel dos sentidos no processo de obtenção.
RESOLUÇÃO: E
Os autores possuem opiniões divergentes no que tange à natureza do conhecimento humano. Para Descartes os sentidos não são confiáveis e a formação do conhecimento humano só pode ser baseado na razão, já para o filósofo, historiador e ensaísta escocês David Hume (1711-1776) eram os sentidos que determinavam o conhecimento e as “impressões” eram mais fortes que os pensamentos e ideias.
http://educacao.globo.com/provas/enem-2012/questoes/30.html
H5 – IDENTIFICAR AS MANIFESTAÇÕES OU REPRESENTAÇÕES DA DIVERSIDADE DO PATRIMÔNIO CULTURAL E ARTÍSTICO EM DIFERENTES SOCIEDADES.
1 – (ENEM, 2011) Em geral, os nossos tupinambás ficam bem admirados ao ver os franceses e os outros dos países longínquos terem tanto trabalho para buscar o seu arabotã, isto é, pau-brasil. Houve uma vez um ancião da tribo que me fez esta pergunta: “Por que vindes vós outros, mairs e perós (franceses e portugueses), buscar lenha de tão longe para vos aquecer? Não tendes madeira em vossa terra?” LÉRY, J. Viagem à Terra do Brasil. In: FERNANDES, F. Mudanças Sociais no Brasil. São Paulo: Difel, 1974.
O viajante francês Jean de Léry (1534-1611) reproduz um diálogo travado, em 1557, com um ancião tupinambá, o qual demonstra uma diferença entre a sociedade europeia e a indígena no sentido
A. do destino dado ao produto do trabalho nos seus sistemas culturais.
B. da preocupação com a preservação dos recursos ambientais.
C. do interesse de ambas em uma exploração comercial mais lucrativa do pau-brasil.
D. da curiosidade, reverência e abertura cultural recíprocas.
E. da preocupação com o armazenamento de madeira para os períodos de inverno.
RESOLUÇÃO: A
O texto de Jean Lery demonstra a diferença da cultura indígena para a europeia em que determinam diferentes usos para produtos, força de trabalho e economia. Enquanto para os indígenas a madeira do pau-brasil só poderia servir para subsistência, na Europa era um artigo de luxo que se transformaria no primeiro produto de exploração em larga escala pelos portugueses que impulsionou a colonização brasileira.
http://educacao.globo.com/provas/enem-2011/questoes/31.html
2 – (ENEM, 2009) O homem construiu sua história por meio do constante processo de ocupação e transformação do espaço natural. Na verdade, o que variou, nos diversos momentos da experiência humana, foi a intensidade dessa exploração. Disponível em: <http://www.simposioreformaagraria.propp.ufu.br>. Acesso em: 09 jul. 2009 [adaptado]. Uma das consequências que pode ser atribuída à crescente intensificação da exploração de recursos naturais, facilitada pelo desenvolvimento tecnológico ao longo da história, é
A. a diminuição do comércio entre países e regiões, que se tornaram autossuficientes na produção de bens e serviços.
B. a ocorrência de desastres ambientais de grandes proporções, como no caso de derramamento de óleo por navios petroleiros.
C. a melhora generalizada das condições de vida da população mundial, a partir da eliminação das desigualdades econômicas na atualidade.
D. o desmatamento, que eliminou grandes extensões de diversos biomas improdutivos, cujas áreas passaram a ser ocupadas por centros industriais modernos.
E. o aumento demográfico mundial, sobretudo nos países mais desenvolvidos, que apresentam altas taxas de crescimento vegetativo.
RESOLUÇÃO: B
A intensificação da extração dos recursos naturais em todo planeta gera desequilíbrios ecológicos irreversíveis, observados, por exemplo, nos derramamentos de óleo dos petroleiros que se locomovem pelos oceanos, geralmente oriundos do Oriente Médio e África, afetando o ambiente marinho e das áreas costeiras por qual passam. http://educacao.globo.com/provas/enem-2009/questoes/80.html
3 – (ENEM, 2012) Próximo da Igreja dedicada a São Gonçalo nos deparamos com uma impressionante multidão que dançava ao som de suas violas. Tão logo viram o Vice-Rei, cercaram- no e o obrigaram a dançar e pular, exercício violento e pouco apropriado tanto para sua idade quanto posição. Tivemos nós mesmos que entrar na dança, por bem ou por mal, e não deixou de ser interessante ver numa igreja padres, mulheres, frades, cavalheiros e escravos a dançar e pular misturados, e a gritar a plenos pulmões “Viva São Gonçalo do Amarante”. BARBINAIS, Le Gentil. Noveau Voyage autour Du monde. In: TINHORÃO, J. R. As festas no Brasil Colonial. São Paulo: Ed. 34, 2000 [adaptado].O viajante francês, ao descrever suas impressões sobre uma festa ocorrida em Salvador, em 1717, demonstra dificuldade em entendê-la, porque, como outras manifestações religiosas do período Colonial, ela
A. seguia os preceitos advindos da hierarquia católica romana.
B. demarcava a submissão do povo à autoridade constituída.
C. definia o pertencimento dos padres às camadas populares.
D. afirmava um sentido comunitário de partilha da devoção.
E. harmonizava as relações sociais entre escravos e senhores.
RESOLUÇÃO: D
O texto demonstra o caráter popular das festas de devoções na sociedade colonial brasileira, pois vários segmentos da sociedade participavam dessas comemorações, como escravos, padres, a elite, entre outros. Tal caráter, comum na prática religiosa católica colonial, impressionou o viajante, visto que essa forma de interação nas comemorações religiosas era incomum na Europa.
http://educacao.globo.com/provas/enem-2012/questoes/44.html
4 – (ENEM, 2009) O que se entende por Corte do antigo regime é, em primeiro lugar, a casa de habitação dos reis de França, de suas famílias, de todas as pessoas que, de perto ou de longe, dela fazem parte. As despesas da Corte, da imensa casa dos reis, são consignadas no registro das despesas do reino da França sob a rubrica significativa de Casas Reais. ELIAS, N. A sociedade de corte. Lisboa: Estampa, 1987.
Algumas casas de habitação dos reis tiveram grande efetividade política e terminaram por se transformar em patrimônio artístico e cultural, cujo exemplo é
A. o palácio de Versalhes.
B. o Museu Britânico.
C. a Catedral de Colônia.
D. a Casa Branca.
E. a pirâmide do faraó Quéops.
RESOLUÇÃO: A
O Palácio de Versalhes foi um castelo construído pelo rei Luiz XIV (o rei sol) a partir de 1664 na Cidade de Versalhes. O castelo que ocupa mais de 100 hectares foi construído para abrigar toda a corte francesa. Considerado o maior castelo entre as cortes europeias, naquele período, era famoso por seu luxo e suntuosidade. Tal suntuosidade tornou-se símbolo do poder do rei e uma das marcas do absolutismo do Antigo Regime Europeu. http://educacao.globo.com/provas/enem-2009/questoes/47.html
5 – (ENEM, 2010) As ruínas do povoado de Canudos, no sertão norte da Bahia, além de significativas para a identidade cultural dessa região, são úteis às investigações sobre a Guerra de Canudos e o modo de vida dos antigos revoltosos. Essas ruínas foram reconhecidas como patrimônio cultural material pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) porque reúnem um conjunto de
A. objetos arqueológicos e paisagísticos.
B. acervos museológicos e bibliográficos.
C. núcleos urbanos e etnográficos.
D. práticas e representações de uma sociedade.
E. expressões e técnicas de uma sociedade extinta.
RESOLUÇÃO: A
A Guerra de Canudos foi um dos primeiros e mais importantes movimentos messiânicos a eclodir no Brasil no final do século XIX. Ocorrido em um contexto de revoltas populares na primeira república, representa uma fase importantíssima da história do Brasil. Dessa maneira, a conservação de sua memória é essencial e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN tem como função preservá-lo. Assim, a conservação de objetos arqueológicos e paisagísticos são essenciais como fonte histórica para preservação de memória e produção de pesquisas de um povoado que foi praticamente destruído no período. http://educacao.globo.com/provas/enem-2010/questoes/21.html
6 – (EXEMPLO INEP)
O tráfico de escravos em direção à Bahia pode ser dividido em quatro períodos:
1º – O ciclo da Guiné, durante a segunda metade do século XVI;
2º – O ciclo de Angola e do Congo, no século XVII;
3º – O ciclo da Costa da Mina, durante os três primeiros quartos do século XVIII;
4º – O ciclo da Baía de Benin, entre 1770 e 1850, incluindo o período do tráfico clandestino.
A chegada dos daomeanos (jejes) ocorreu nos dois últimos períodos. A dos nagô-iorubás corresponde, sobretudo, ao último. A forte predominância dos iorubás na Bahia, de seus usos e costumes, seria explicável pela vinda maciça desse povo no último dos ciclos.
VERGER, Pierre. Fluxo e refluxo do tráfico de escravos entre o golfo do Benin e a Bahia de Todos os Santos: dos séculos XVII a XIX. Tradução de Tasso Gadzanis. São Paulo: Corrupio, 1987, p. 9 [adptado].
Os diferentes ciclos do tráfico de escravos da costa africana para a Bahia, no Brasil, indicam que
A. o início da escravidão no Brasil data do século XVI, quando foram trazidos para o Nordeste os chamados “negros da Guiné”, especialistas na extração de ouro.
B. a diversidade das origens e dos costumes de cada nação africana é impossível de ser identificada, uma vez que a escravidão moldou os grupos envolvidos em um processo cultural comum.
C. os ciclos correspondentes a cada período do tráfico de diferentes nações africanas para a Bahia estão relacionados aos distintos portos de comercialização de escravos.
D. o tráfico de escravos jejes para a Bahia, durante o ciclo da Baía de Benin, ocorreu de forma mais intensa a partir do final do século XVII até a segunda metade do século XVIII.
E. a escravidão nessa província se estendeu do século XVI até o início do século XVIII, diferentemente do que ocorreu em outras regiões do País.
RESOLUÇÃO: C
Comentário: É importante pensar nos ciclos econômicos do Brasil para, por exemplo, descartar a afirmativa A, que fala em extração do ouro - que só no final do século XVII começa a se tornar uma atividade econômica no Brasil. Além disso, a extração do ouro se deu de forma mais intensa especialmente na região de Minas Gerais - e não na Bahia como diz a questão. A alternativa B também não pode ser a correta, pois identificamos os grupos culturais que vieram para o Brasil, como a própria questão dá a entender. Por isso, fiquem atentos à questão e seu enunciado!
A alternativa C é a correta. Conforme os anos foram se passando, e conforme as diferentes necessidades de mão-de-obra que surgiram no Brasil, mudaram os portos em que chegavam os escravos africanos; portanto, os ciclos do tráfico de escravos também sofrem mudanças.
A alternativa D pode ser descartada facilmente se nos lembrarmos das regras de determinação dos séculos. "A chegada dos daomeanos (jejes) ocorreu nos dois últimos períodos", diz o enunciado da questão. O terceiro ciclo se inicia já no século XVIII, o que significa que os jejes chegam já no século XVIII, e não XVII, e o tráfico dos jejes acaba no quarto ciclo, que termina em meados do século XIX, e não XVIII. A alternativa E pode ser descartada da mesma forma que a alternativa D.
http://scriptsamp.forumeiros.com/t11487-questao-do-enem-com-resolucao-parte-1-3
Manoel Mosilânio Malaquias da Cruz (Pixote Cruz)
Historiador (URCA), Pedagogo (URCA), Graduado em Mídias da Educação (MEC) Especialista em Mídias da Educação(UFC), em Educação e Direitos Humanos (UFC); em Análise Transacional (Academia do Futuro) e em Metodologia do ensino Superior (UNICAP). Pesquisador sobre Música Brasileira e Tutor do Projeto Professor Aprendiz da SEDUC- FUNCAP na área de Ciências Humanas. Professor de Graduação e Pós- Graduação da Faculdade FACEN. Professor da Rede Privada e Pública Estadual de Brejo Santo-Ce, e do Curso Sapiento. (Salgueiro – Pe)
Especialista e Consultor Educacionais das Matrizes Curriculares e dos Parâmetros Curriculares Nacionais e da prova do ENEM
Acesse o canal ENEM TOMARA 2017.
Uma explicação de caráter histórico para o percentual da religião com maior número de adeptos declarados no Brasil foi a existência, no passado colonial e monárquico, da
A. incapacidade do cristianismo de incorporar aspectos de outras religiões.
B. incorporação da ideia de liberdade religiosa na esfera pública.
C. permissão para o funcionamento de igrejas não cristãs.
D. relação de integração entre Estado e Igreja.
E. influência das religiões de origem africana.
RESOLUÇÃO: D
De acordo com o gráfico a maioria da população brasileira no ano de 2007 declarava serem pertencentes à religião católica. Esse quadro se explica devido a forte presença da Igreja Católica no Brasil através do estabelecimento do Padroado, regime em que a Igreja se submetia ao Estado, que era responsável pela sua manutenção. Tal sistema esteve presente não somente como elemento colonizador durante o Antigo Regime, mas também durante todo período Imperial.
http://educacao.globo.com/provas/enem-2011/questoes/36.html
H4 – COMPARAR PONTOS DE VISTA EXPRESSOS EM DIFERENTES FONTES SOBRE DETERMINADO ASPECTO DA CULTURA.
1 – (ENEM, 2010) “Pecado nefando” era expressão correntemente utilizada pelos inquisidores para a sodomia. Nefandus: o que não pode ser dito. A assembleia de clérigos reunida em Salvador, em 1707, considerou a sodomia “tão péssimo e horrendo crime”, tão contrário à lei da natureza, que “era indigno de ser nomeado” e, por isso mesmo, nefando.NOVAIS, F.; MELLO E SOUZA, L. História da Vida Privada no Brasil. V.1. São Paulo. Companhia das Letras, 1997 [adaptado].
O número de homossexuais assassinados no Brasil bateu o recorde histórico em 2009. De acordo com o Relatório Anual de Assassinato de Homossexuais (LGBT – Lésbicas, Gays, Bissexuais e Travestis), nesse ano foram registrados 195 mortos por motivação homofóbica no País. Disponível em: <http://www.alemdanoticia.com.br/ultimas_noticias.php?codnoticia=3871>.Acesso em: 29 abr. 2010 [adaptado].
A homofobia é a rejeição e menosprezo à orientação sexual do outro e, muitas vezes, se expressa sob a forma de comportamentos violentos. Os textos indicam que as condenações públicas, perseguições e assassinatos de homossexuais no país estão associadas
A. à baixa representatividade política de grupos organizados que defendem os direitos de cidadania dos homossexuais.
B. à falência da democracia no país, que torna impeditiva a divulgação de estatísticas relacionadas à violência contra homossexuais.
C. à constituição de 1988, que exclui do tecido social os homossexuais, além de impedi-los de exercer seus direitos políticos.
D. a um passado histórico marcado pela demonização do corpo e por formas recorrentes de tabus e intolerância.
E. a uma política eugênica desenvolvida pelo Estado, justificada a partir dos posicionamentos de correntes filosófico-científicas.
RESOLUÇÃO: D
A sociedade ocidental tem um histórico de condenação ao homossexualismo desde a idade Média. O monopólio cultural e ideológico da Igreja católica, desde esse período. fez com que as relações homoafetivas fossem condenadas como crime. Tal tradição veio sendo reproduzida ao longo do tempo através de exclusão, segregação e até mesmo violência a homossexuais que, infelizmente, permanecem até hoje.
http://educacao.globo.com/provas/enem-2010/questoes/41.html
2 – (ENEM, 2012)
Texto I
Anaxímenes de Mileto disse que o ar é o elemento originário de tudo o que existe, existiu e existirá, e que outras coisas provêm de sua descendência. Quando o ar se dilata, transforma-se em fogo, ao passo que os ventos são ar condensado. As nuvens formam-se a partir do ar por feltragem (sic) e, ainda mais condensadas, transformam-se em água. A água, quando condensada ao máximo possível, transforma-se em pedras.
BURNET, J. A aurora da Filosofia grega. Rio de Janeiro: PUC-Rio, 2006 [adaptado].
Texto II
Basílio Magno, filósofo medieval, escreveu: “Deus, como criador de todas as coisas, está no princípio do mundo e dos tempos. Quão parcas de conteúdo se nos apresentam, em face desta concepção, as especulações contraditórias dos filósofos, para os quais o mundo se origina, ou de algum dos quatro elementos, como ensinam os Jônios, ou dos átomos, como julga Demócrito. Na verdade, dão a impressão de quererem ancorar o mundo numa teia de aranha.” GILSON, E.: BOEHNER, P. História da Filosofia Cristã. São Paulo: Vozes, 1991 [adaptado].
Filósofos dos diversos tempos históricos desenvolveram teses para explicar a origem do universo a partir de uma concepção racional. As teses de Anaxímenes, filósofo grego antigo, e de Basílio, filósofo medieval, têm em comum na sua fundamentação teorias que
A. eram baseadas nas ciências da natureza.
B. refutavam as teorias de filósofos da religião.
C. tinham origem nos mitos das civilizações antigas.
D. postulavam um princípio originário para o mundo.
E. defendiam que Deus é o princípio de todas as coisas.
RESOLUÇÃO: D
Tanto a teoria do filósofo grego pré-socrático Anaxímenes de Mileto (588-524 a. C.), quanto do teólogo Basílio Magno, que viveu na Idade Média, procuram postular princípios da constituição do mundo. Se por um lado Anaxímenes estabelecia um princípio baseado na natureza que era o ar, Basílio Magno acreditava em um principio religioso, em que Deus era a origem de tudo.
http://educacao.globo.com/provas/enem-2012/questoes/28.html
3 – (ENEM, 2012)
Texto I
Experimentei algumas vezes que os sentidos eram enganosos, e é de prudência nunca se fiar inteiramente em quem já nos enganou uma vez. DESCARTES, R. Meditações e Metafísicas. São Paulo: Abril Cultural, 1979.
Texto II
Sempre que alimentarmos alguma suspeita de que uma ideia esteja sendo empregada sem nenhum significado, precisaremos apenas indagar: de que impressão deriva esta suposta ideia? E se for impossível atribuir-lhe qualquer impressão sensorial, isso servirá para confirmar nossa suspeita. HUME, D. Uma investigação sobre o entendimento. São Paulo: Unesp, 2004 [adaptado].
Nos textos, ambos os autores se posicionam sobre a natureza do conhecimento humano. A comparação dos excertos permite assumir que Descartes e Hume
A. defendem os sentidos como critério originário para considerar um conhecimento legítimo.
B. entendem que é desnecessário suspeitar do significado de uma ideia na reflexão filosófica e crítica.
C. são legítimos representantes do criticismo quanto à gênese do conhecimento.
D. concordam que conhecimento humano é impossível em relação às ideias aos sentidos.
E. atribuem diferentes lugares ao papel dos sentidos no processo de obtenção.
RESOLUÇÃO: E
Os autores possuem opiniões divergentes no que tange à natureza do conhecimento humano. Para Descartes os sentidos não são confiáveis e a formação do conhecimento humano só pode ser baseado na razão, já para o filósofo, historiador e ensaísta escocês David Hume (1711-1776) eram os sentidos que determinavam o conhecimento e as “impressões” eram mais fortes que os pensamentos e ideias.
http://educacao.globo.com/provas/enem-2012/questoes/30.html
H5 – IDENTIFICAR AS MANIFESTAÇÕES OU REPRESENTAÇÕES DA DIVERSIDADE DO PATRIMÔNIO CULTURAL E ARTÍSTICO EM DIFERENTES SOCIEDADES.
1 – (ENEM, 2011) Em geral, os nossos tupinambás ficam bem admirados ao ver os franceses e os outros dos países longínquos terem tanto trabalho para buscar o seu arabotã, isto é, pau-brasil. Houve uma vez um ancião da tribo que me fez esta pergunta: “Por que vindes vós outros, mairs e perós (franceses e portugueses), buscar lenha de tão longe para vos aquecer? Não tendes madeira em vossa terra?” LÉRY, J. Viagem à Terra do Brasil. In: FERNANDES, F. Mudanças Sociais no Brasil. São Paulo: Difel, 1974.
O viajante francês Jean de Léry (1534-1611) reproduz um diálogo travado, em 1557, com um ancião tupinambá, o qual demonstra uma diferença entre a sociedade europeia e a indígena no sentido
A. do destino dado ao produto do trabalho nos seus sistemas culturais.
B. da preocupação com a preservação dos recursos ambientais.
C. do interesse de ambas em uma exploração comercial mais lucrativa do pau-brasil.
D. da curiosidade, reverência e abertura cultural recíprocas.
E. da preocupação com o armazenamento de madeira para os períodos de inverno.
RESOLUÇÃO: A
O texto de Jean Lery demonstra a diferença da cultura indígena para a europeia em que determinam diferentes usos para produtos, força de trabalho e economia. Enquanto para os indígenas a madeira do pau-brasil só poderia servir para subsistência, na Europa era um artigo de luxo que se transformaria no primeiro produto de exploração em larga escala pelos portugueses que impulsionou a colonização brasileira.
http://educacao.globo.com/provas/enem-2011/questoes/31.html
2 – (ENEM, 2009) O homem construiu sua história por meio do constante processo de ocupação e transformação do espaço natural. Na verdade, o que variou, nos diversos momentos da experiência humana, foi a intensidade dessa exploração. Disponível em: <http://www.simposioreformaagraria.propp.ufu.br>. Acesso em: 09 jul. 2009 [adaptado]. Uma das consequências que pode ser atribuída à crescente intensificação da exploração de recursos naturais, facilitada pelo desenvolvimento tecnológico ao longo da história, é
A. a diminuição do comércio entre países e regiões, que se tornaram autossuficientes na produção de bens e serviços.
B. a ocorrência de desastres ambientais de grandes proporções, como no caso de derramamento de óleo por navios petroleiros.
C. a melhora generalizada das condições de vida da população mundial, a partir da eliminação das desigualdades econômicas na atualidade.
D. o desmatamento, que eliminou grandes extensões de diversos biomas improdutivos, cujas áreas passaram a ser ocupadas por centros industriais modernos.
E. o aumento demográfico mundial, sobretudo nos países mais desenvolvidos, que apresentam altas taxas de crescimento vegetativo.
RESOLUÇÃO: B
A intensificação da extração dos recursos naturais em todo planeta gera desequilíbrios ecológicos irreversíveis, observados, por exemplo, nos derramamentos de óleo dos petroleiros que se locomovem pelos oceanos, geralmente oriundos do Oriente Médio e África, afetando o ambiente marinho e das áreas costeiras por qual passam. http://educacao.globo.com/provas/enem-2009/questoes/80.html
3 – (ENEM, 2012) Próximo da Igreja dedicada a São Gonçalo nos deparamos com uma impressionante multidão que dançava ao som de suas violas. Tão logo viram o Vice-Rei, cercaram- no e o obrigaram a dançar e pular, exercício violento e pouco apropriado tanto para sua idade quanto posição. Tivemos nós mesmos que entrar na dança, por bem ou por mal, e não deixou de ser interessante ver numa igreja padres, mulheres, frades, cavalheiros e escravos a dançar e pular misturados, e a gritar a plenos pulmões “Viva São Gonçalo do Amarante”. BARBINAIS, Le Gentil. Noveau Voyage autour Du monde. In: TINHORÃO, J. R. As festas no Brasil Colonial. São Paulo: Ed. 34, 2000 [adaptado].O viajante francês, ao descrever suas impressões sobre uma festa ocorrida em Salvador, em 1717, demonstra dificuldade em entendê-la, porque, como outras manifestações religiosas do período Colonial, ela
A. seguia os preceitos advindos da hierarquia católica romana.
B. demarcava a submissão do povo à autoridade constituída.
C. definia o pertencimento dos padres às camadas populares.
D. afirmava um sentido comunitário de partilha da devoção.
E. harmonizava as relações sociais entre escravos e senhores.
RESOLUÇÃO: D
O texto demonstra o caráter popular das festas de devoções na sociedade colonial brasileira, pois vários segmentos da sociedade participavam dessas comemorações, como escravos, padres, a elite, entre outros. Tal caráter, comum na prática religiosa católica colonial, impressionou o viajante, visto que essa forma de interação nas comemorações religiosas era incomum na Europa.
http://educacao.globo.com/provas/enem-2012/questoes/44.html
4 – (ENEM, 2009) O que se entende por Corte do antigo regime é, em primeiro lugar, a casa de habitação dos reis de França, de suas famílias, de todas as pessoas que, de perto ou de longe, dela fazem parte. As despesas da Corte, da imensa casa dos reis, são consignadas no registro das despesas do reino da França sob a rubrica significativa de Casas Reais. ELIAS, N. A sociedade de corte. Lisboa: Estampa, 1987.
Algumas casas de habitação dos reis tiveram grande efetividade política e terminaram por se transformar em patrimônio artístico e cultural, cujo exemplo é
A. o palácio de Versalhes.
B. o Museu Britânico.
C. a Catedral de Colônia.
D. a Casa Branca.
E. a pirâmide do faraó Quéops.
RESOLUÇÃO: A
O Palácio de Versalhes foi um castelo construído pelo rei Luiz XIV (o rei sol) a partir de 1664 na Cidade de Versalhes. O castelo que ocupa mais de 100 hectares foi construído para abrigar toda a corte francesa. Considerado o maior castelo entre as cortes europeias, naquele período, era famoso por seu luxo e suntuosidade. Tal suntuosidade tornou-se símbolo do poder do rei e uma das marcas do absolutismo do Antigo Regime Europeu. http://educacao.globo.com/provas/enem-2009/questoes/47.html
5 – (ENEM, 2010) As ruínas do povoado de Canudos, no sertão norte da Bahia, além de significativas para a identidade cultural dessa região, são úteis às investigações sobre a Guerra de Canudos e o modo de vida dos antigos revoltosos. Essas ruínas foram reconhecidas como patrimônio cultural material pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) porque reúnem um conjunto de
A. objetos arqueológicos e paisagísticos.
B. acervos museológicos e bibliográficos.
C. núcleos urbanos e etnográficos.
D. práticas e representações de uma sociedade.
E. expressões e técnicas de uma sociedade extinta.
RESOLUÇÃO: A
A Guerra de Canudos foi um dos primeiros e mais importantes movimentos messiânicos a eclodir no Brasil no final do século XIX. Ocorrido em um contexto de revoltas populares na primeira república, representa uma fase importantíssima da história do Brasil. Dessa maneira, a conservação de sua memória é essencial e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN tem como função preservá-lo. Assim, a conservação de objetos arqueológicos e paisagísticos são essenciais como fonte histórica para preservação de memória e produção de pesquisas de um povoado que foi praticamente destruído no período. http://educacao.globo.com/provas/enem-2010/questoes/21.html
6 – (EXEMPLO INEP)
O tráfico de escravos em direção à Bahia pode ser dividido em quatro períodos:
1º – O ciclo da Guiné, durante a segunda metade do século XVI;
2º – O ciclo de Angola e do Congo, no século XVII;
3º – O ciclo da Costa da Mina, durante os três primeiros quartos do século XVIII;
4º – O ciclo da Baía de Benin, entre 1770 e 1850, incluindo o período do tráfico clandestino.
A chegada dos daomeanos (jejes) ocorreu nos dois últimos períodos. A dos nagô-iorubás corresponde, sobretudo, ao último. A forte predominância dos iorubás na Bahia, de seus usos e costumes, seria explicável pela vinda maciça desse povo no último dos ciclos.
VERGER, Pierre. Fluxo e refluxo do tráfico de escravos entre o golfo do Benin e a Bahia de Todos os Santos: dos séculos XVII a XIX. Tradução de Tasso Gadzanis. São Paulo: Corrupio, 1987, p. 9 [adptado].
Os diferentes ciclos do tráfico de escravos da costa africana para a Bahia, no Brasil, indicam que
A. o início da escravidão no Brasil data do século XVI, quando foram trazidos para o Nordeste os chamados “negros da Guiné”, especialistas na extração de ouro.
B. a diversidade das origens e dos costumes de cada nação africana é impossível de ser identificada, uma vez que a escravidão moldou os grupos envolvidos em um processo cultural comum.
C. os ciclos correspondentes a cada período do tráfico de diferentes nações africanas para a Bahia estão relacionados aos distintos portos de comercialização de escravos.
D. o tráfico de escravos jejes para a Bahia, durante o ciclo da Baía de Benin, ocorreu de forma mais intensa a partir do final do século XVII até a segunda metade do século XVIII.
E. a escravidão nessa província se estendeu do século XVI até o início do século XVIII, diferentemente do que ocorreu em outras regiões do País.
RESOLUÇÃO: C
Comentário: É importante pensar nos ciclos econômicos do Brasil para, por exemplo, descartar a afirmativa A, que fala em extração do ouro - que só no final do século XVII começa a se tornar uma atividade econômica no Brasil. Além disso, a extração do ouro se deu de forma mais intensa especialmente na região de Minas Gerais - e não na Bahia como diz a questão. A alternativa B também não pode ser a correta, pois identificamos os grupos culturais que vieram para o Brasil, como a própria questão dá a entender. Por isso, fiquem atentos à questão e seu enunciado!
A alternativa C é a correta. Conforme os anos foram se passando, e conforme as diferentes necessidades de mão-de-obra que surgiram no Brasil, mudaram os portos em que chegavam os escravos africanos; portanto, os ciclos do tráfico de escravos também sofrem mudanças.
A alternativa D pode ser descartada facilmente se nos lembrarmos das regras de determinação dos séculos. "A chegada dos daomeanos (jejes) ocorreu nos dois últimos períodos", diz o enunciado da questão. O terceiro ciclo se inicia já no século XVIII, o que significa que os jejes chegam já no século XVIII, e não XVII, e o tráfico dos jejes acaba no quarto ciclo, que termina em meados do século XIX, e não XVIII. A alternativa E pode ser descartada da mesma forma que a alternativa D.
http://scriptsamp.forumeiros.com/t11487-questao-do-enem-com-resolucao-parte-1-3
Manoel Mosilânio Malaquias da Cruz (Pixote Cruz)
Historiador (URCA), Pedagogo (URCA), Graduado em Mídias da Educação (MEC) Especialista em Mídias da Educação(UFC), em Educação e Direitos Humanos (UFC); em Análise Transacional (Academia do Futuro) e em Metodologia do ensino Superior (UNICAP). Pesquisador sobre Música Brasileira e Tutor do Projeto Professor Aprendiz da SEDUC- FUNCAP na área de Ciências Humanas. Professor de Graduação e Pós- Graduação da Faculdade FACEN. Professor da Rede Privada e Pública Estadual de Brejo Santo-Ce, e do Curso Sapiento. (Salgueiro – Pe)
Especialista e Consultor Educacionais das Matrizes Curriculares e dos Parâmetros Curriculares Nacionais e da prova do ENEM
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