quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

COLUNA DO PROFESSOR PIXOTE - O jardim dos esquecidos

O jardim dos esquecidos
 
É preciso superar a rotina. Encarar os desafios.
A realidade está absorta nos nossos afazeres. 
No seu, no meu viver.
Continuar agindo, criando, recriando- eis a nossa ínfima questão.
 
Galgarmos o prelúdio do infinito da nossa inquietude diante da vida e de tudo que acontece nela - Eis o nosso desafio. Jaz em nosso pensamento a solidão, a monotonia, o desamparo, a destemperança, e tudo aquilo que nos faz ser o anti-humano, anti-ser da própria existência e da essência amolgada. 

Brota em nossos corações e mentes a bonança da vida e do viver compartilhado a luzir no mais sublime etéreo da nossa existência. Por isso há de se cultivar as flores no jardim do esquecimento onde se exale o cheiro da fraternidade, cujo néctar prolifere as lembranças concretas e eternas da bondade e da justiça. Lembranças vivas que nos façam manter a chama daquilo que porventura poderemos esquecer. 

Não esquecer de lembrar os nossos esquecimentos que parece querer nos desviar das lembranças presentes em uma constelação de interesses, que só pode ser vista através do caleidoscópio da natureza humana.

Esse nosso novo ser-viver está intrínseco aos outros seres, que fortificam o mundo na plenitude da fraternidade que baliza os quereres da espiritualidade e da materialidade, cuja constituição é pautada no binômio sentimento-racionalismo, porta entreaberta para novas descobertas e novas sensações que superam a monotonia e o tédio do mundo hodierno em que prevalece o simulacro que não devem representar a nossa existência. 

Por isso, continuemos a celebrar as nossas ações. Algumas delas árduas, dolorosas até, mas cheias de significados e ensinamentos.  Outras tão frutíferas que levaremos pelo resto de nossas vidas. Algumas delas se dissolverão em nosso abrupto sentimento de que “ já é passado não tem valor ”, “não importa mais”. 

E é para isso que existe O JARDIM DOS ESQUECIDOS. Sim, ele existe. Está escondido dentro de cada um de nós esperando um momento ideal para ser lembrado. Ele está ávido por nos lembrar daquilo que porventura esquecemos. Ele nos guia e molda nossas reflexões, atitudes, percepções e ações.

Nele residem as eternas situações até mesmo as lúdicas e divertidas. Sabemos que o Homem – Aranha continuará em seu dilema entre proteger Nova Iorque  ou se dedicar infinitamente a Marie Jane. O coiote estará correndo atrás do Papa-Léguas; frajola atrás do Piu-Piu; a garotada do Caverna do Dragão (Erick, Sheila, Diana, Bobby) continuarão sendo orientados pelo Mestre dos Magos e impedidos pelo Vingador. Dificilmente todos esses personagens fabulosos conseguirão lograr êxito. E é esse o encanto.
ENCANTO é uma palavra mágica. Ela fascina qualquer um. Ela é a palavra que melhor resume o jardim dos esquecidos.

RECONHECER, eis outra palavra mágica do Jardim dos Esquecidos. Lembrar-se de esquecer e /ou esquecer-se de lembrar depende de cada um. Não é regra social nem moral. É conduta humana.
Em nossas vidas enfrentaremos diversos dilemas, percalços, imbróglios, alegrias, fantasias, prazeres, momentos inesquecíveis. E é isso que nos faz tão humanos.  A certeza daquilo que poderá ser e /ou não ser como desejamos.

DESEJAR, outra singela palavra do Jardim dos Esquecidos. Deseje sempre aos outros aquilo o que desejaria a si mesmo. Frutifique os impossíveis, seus desejos possíveis e impossíveis, ainda que não tenha certeza de como será, mas tente realizá-los.
REALIZAR, eis a palavra final do Jardim dos Esquecidos. 

Quando REALIZAMOS algo, LEMBRAMOS das dificuldades enfrentadas naquilo que DESEJAMOS obter, RECONHECEMOS nossos  esforços e nos ENCANTAMOS  por ter conseguido o que trilhamos.

 Encantar não apenas com aquilo que realizamos, mas também com a beleza de viver, de ser, de conviver irmanados em um sentimento de busca por um mundo melhor. 

Não gosto da palavra saudade, pois a mesma não tem tradução e sua origem é única na língua portuguesa. É um substantivo abstrato que designa “dor de uma ausência que temos prazer em sentir”.  Há proximidades semânticas em outras línguas como : Te extraño (castelhano), Jai regret (francês) e Ich vermisse dish (alemão). No inglês têm-se várias tentativas: homesickness (equivalente à saudade de casa ou do país). Espero que esse texto tenha tocado seus corações e mentes.

Valeu todos e todas. Sempre presentes em meu Jardim dos Esquecidos.
Do havaiano: Pana Poo - Tradução Livre : Vou lembrar de não esquecer de vocês.

Professor Manoel Mosilânio Malaquias da Cruz – Pixote Cruz