sexta-feira, 11 de outubro de 2019

COLUNA DA HISTORIADORA FÁTIMA ALVES - Maria Lourival Gonçalves, 95 anos de história bem vividos

Maria Lourival Gonçalves, 95 anos de história bem vividos

As histórias são únicas e individuais, cada ser humano carrega em si uma história de vida diferente, mas que compõem um coletivo, por que vivem em sociedade. Hoje venho com muita alegria trazer a nossa história cotidiana e prestar minha homenagem ela que é todo sorriso e doçura, a nossa amiga Maria Lourival Gonçalves que no dia 15 de novembro completará 96 anos de vida cheia de histórias.

Lourival nasceu na cidade de Lavras da Mangabeira, estado do Ceará. Conta que veio muito criança para morar em Brejo Santo, que sua família é numerosa. Filha do Casal Moisés Gonçalves Primo e sua mãe Maria Leite de Jesus. São seus irmãos (in memoriam): Janoca, Cassiano (pai de Fatinha), Micael (pai de Micaelson), Ivo, Luis, Joel (morava em Mato Grosso), Zequinha (pai de Fátima), Zilmar, e Antonio. Lourival desfruta da presença de sua irmã Zilda (mãe de Raimundinho) com 94 anos de idade. Que benção! Quantos frutos deixados por essa família. 

Lourival revela que não casou mas criou os sobrinhos Raimundinho, Zilca (filhos de Dona Zilda) e Fátima filha de seu irmão Zequinha. Conta que Fátima morava em um sitio no município de Missão Velha e seus pais a trouxeram para fazer a primeira Eucaristia quando ela tinha apenas sete anos de idade. A mãe de Fátima veio a falecer e desde então ficou morando com Lourival, só saiu para casar com Genésio. 


Na conversa Lourival se reporta ao tempo de infância, foi muito boa, a família foi morar em Minas Gerais e quando retornaram seu pai decidiu residir em Brejo Santo e que a considera sua terra. São muitas as recordações de Lourival: “Brejo Santo era muito diferente, não tinha a Rua do Araújo, só uma parte, o restante era roça”. Lourival faz um pequeno mapeamento na memória e revela que no início da rua onde mais ou menos se localiza a casa de Joaquim Carolino (in memoriam) tinha um açougue, na época os Carolinos moravam na rua Padre Abath. Diz que não tinha carros, nem asfalto, as ruas eram de terra. A energia era fraca e que às 19h eram desligadas, e o Prefeito da época era José Matias Sampaio (in memoriam). A única escola que Brejo Santo tinha era de Dona Balbina Viana Arrais e que esta funcionava no Casarão da Família com várias salas. Além de Dona Balbina, a professora Predosina irmã de Dona Balbina ensinava também e esta foi sua professora. Recorda que cursou até a terceira série na referida escola. Ela teve o prazer de conhecer Dona Balbina. Outras ruas da época era a Rua da Taboqueira e a Ruas Padre Abath e Coronel Ferraz (ruas da Lama e Velha). 


Lourival descreve que o comércio funcionava onde hoje se localiza a Praça Dionísio Rocha de Lucena, mais precisamente onde fica a Escola Padre Pedro, ficava aos arredores as casas comerciais e depois foi se estendendo até a localidade atual. Um dos fatos que traz na memória é o coreto da Praça e a Banda de Música que tocava nos finais de semana, momento em que os jovens da cidade se encontravam. Na época quem assumia a Paróquia era o então o memorável Padre Pedro Inácio Ribeiro (in memoriam). Lourival foi catequista antes das Irmãs Sacramentinas chegarem. Depois que elas chegaram Lourival ficou apenas por três anos.


Lourival não mora sozinha, ela tem uma pessoa que lhe faz companhia em todas as horas que é Damiana, e já fazem vinte anos dessa companhia e zelo. Damiana veio pra passar somente um mês, mas permanece até hoje. Lourival participa de missa diária, vai sempre com Damiana, ela diz “sou não vou missa se não tiver”.


A título de curiosidade Lourival é costureira desde os treze anos de idade, ou seja assumiu no ano de 1936 a arte de costurar, são 83 anos de dedicação, digo isso, por que apesar de não costurar mais para sociedade ela mesmo é quem faz suas roupas e de sua companhia Damiana. São muitas recordações, ela diz que começou a costurar ajudando sua mãe, e com uma cunhada aprendeu o corte. Além de costurar Lourival também dava cursos de corte e costura. Ainda hoje ela tem sua máquina que foi comprada nas Lojas Pernambucanas quando tinha aqui em Brejo Santo.


Uma das marcas fortes de Lourival é o seu sorriso encantador, sempre alegre e receptiva. Obrigada Lourival por sua marca na nossa história, por tantos feitos e contribuição ao longo desses 95 anos de dedicação a vida e tão logo os seus 96 anos.