Ao redor do buraco tudo é beira.
Neste dia 16 de Junho de 2020 comemoraríamos os 90 aos de vida de Ariano Suassuna. Criador de porção significativa do imaginário que revela a alma e a vida do sertanejo. Conseguiu de maneira singular unir os opostos: o erudito e o popular, o cômico e o trágico, vida e morte, distancias que ele teimava em anular.
Um dos maiores intelectuais brasileiros da atualidade. Foram muitos os ensinamentos deixados pelo idealizador do Movimento Armorial e autor das obras Auto da Compadecida, O Santo e a Porca, o romance d’A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta e tantos outros.
Um verdadeiro defensor da cultura do nordeste do Brasil : Não troco o meu "oxente" pelo "ok" de ninguém!
Um dos causos que mais me fascina de Ariano Suassuna é de uma visita que ele recebe de um jovem que lhe mostra uma composição inusitada: Ao redor do buraco tudo é beira.
O causo contado por Ariano além de nos fazer rir muito nos convida a refletir sobre a visão superficial do mundo e do ser humano.
Realmente temos dificuldade de reconhecermos a nossa “beira”, como se nos faltassem bordas ou não as percebêssemos diante do nosso vazio existencial. Reflexão propicia para os tempos atuais.
Comecei a escrever este texto lembrando de uma das últimos pedidos de Ariano: Não venha comemorar meus 85 anos, não vou morrer. Festeje os meus 90!
Vamos festejar mestre! E uma das formas de fazê-lo é levar suas obras para as novas gerações.
Concluo com algumas das suas citação que mais gosto: Tenho duas armas para lutar contra desespero, a tristeza e até a morte: o riso a cavalo e o galope do sonho. É com isso que enfrento essa dura e fascinante tarefa de viver.
Eu digo sempre que das três virtudes teologais chamadas, eu sou fraco na fé e fraco na qualidade, só me resta a esperança. Eu sou o homem da esperança. O otimista é um tolo. O pessimista, um chato. Bom mesmo é ser um realista esperançoso.
Por uma humanidade melhor!
Jacqueline Braga