quinta-feira, 18 de junho de 2020

Pagamento via WhatsApp surge como alternativa para ajudar pequenos negócios.


Lançado nesta semana, o recurso de pagamentos via Whatsapp vai ao encontro da digitalização do dinheiro e vendas online infladas pela pandemia. Ainda em fase de teste, é cedo para cravar o seu efeito na disputa por espaço com o mercado das maquinetas após a fase de isolamento social. No entanto, a modalidade já traz impacto imediato aos pequenos negócios, garantindo mais autonomia para embarcarem de vez no e-commerce neste período de crise do novo coronavírus.

Na prática, ocorre transferência bancária na plataforma. Mas são autorizados a comprar pelo sistema apenas os correntistas dos bancos Nubank e Sicredi, por cartões de débito das bandeiras Visa e Mastercard, em parceria com a Cielo.

Um microempreendedor individual (MEI), por exemplo, não pagará pelas máquinas de cartão e negociará diretamente com o cliente. O Brasil é o primeiro país a receber essa novidade e será um termômetro da capilaridade.

Fernando Shine, especialista em experiência do consumidor para e-commerce da Hi Platform, acredita que a ferramenta está alinhada a uma demanda por "super apps" - que concentram serviços digitais.

"Na China, isso é muito evidente. Mas, aqui já começa, embora ainda haja questões culturais", diz, incluindo que isso impulsionará a entrada de novas pessoas às primeiras experiências onlines e mais facilidade para vendas.

Fernando frisa que o e-commerce vem crescendo dois dígitos nos últimos anos e continua com tendência de alta mesmo com a pandemia. Os principais desafios serão a resistência do consumidor mais conservador e a garantia da segurança nas operações.

Para Bruno Diniz, especialista em fintech e líder na América Latina pela Financial Data and Technology Association (FDATA), o Brasil foi escolhido por ter grande adesão à rede social e ter uma população adepta à tecnologia.

"Em vários rankings mundiais aparecemos como um País onde as pessoas testam novas soluções financeiras e eu entendo que temos inovações como o PIX - previsto para novembro. Acredito, inclusive, que o Facebook aproveitou esse momento para implementar a solução deles em campo", exemplifica com o novo sistema instantâneo de pagamentos e transferências do Banco Central.

Para ele, esse é um segmento em ascensão. "Isso colocará em xeque produtos como cartão de débito, pois o lojista poderá receber o dinheiro em tempo real, no ato da compra, enquanto que, no débito, precisa esperar para receber", avalia. Outro fator, acrescenta, é que, ultimamente, houve uma onda das máquinas de baixo custo. "Não digo que as maquininhas e cartões irão morrer, mas certamente teremos outras alternativas de pagamento futuramente", avalia.

Raul dos Santos, vice-presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Ceará (Ibef-CE), destaca que a pandemia apenas deu um empurrão adicional em tudo o que estamos vendo. "A questão do papel moeda implica sujeira, não só pelo novo coronavírus, mas uma série de outras. Outro ponto é que temos uma situação de violência instalada, sendo mais seguro andar com um plástico", afirma. Procurada sobre o assunto, a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Credito e Serviços (Abecs) não retornou até o fechamento desta edição.



*Da redação do Blog do Farias Júnior com dados do OPovo. Para ler a matéria original, clique aqui