sexta-feira, 4 de junho de 2021

COLUNA DA HISTORIADORA FÁTIMA ALVES - Paulo Gondim.

 

Paulo Gondim

É com muita honra que trago a nossa Coluna Histórias do Cotidiano uma personalidade que muito contribuí na história de Brejo Santo: Paulo Gondim. Merece todas as homenagens por ser conhecido em nossa cidade com seus maravilhosos cordéis, por muitas lutas históricas realizadas, por ser acolhedor, e com muitos amigos plantados na cidade. Desde 1969 Paulo reside em São Paulo, mas vem com frequência e deixa por onde passa seu sorriso, sua marca de poeta e pessoa do bem. Assim ele mesmo descreve:

“Nasci em MonteHorebe, na Paraíaba, ali depois de Mauriti. Ainda criança, minha família veio para Brejo Santo, onde terminei o Ensino Fundamental, no então Ginásio Estadual Balbina Viana Arrais, segunda turma, 1968. Fui um dos fundadores do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brejo Santo, em 1967. Já escrevi algumas crônicas e alguns folhetos de cordel. Em 2019, fui agraciado com o Título de Cidadão Brejo-santense, outorgado pela Câmara Municipal, por iniciativa do Vereador Chico Nobilino”. Agradeço a Paulo Gondim por me enviar um pouco sobre sua pessoa e um dos seus cordéis, por colaborar mais uma vez com nossa história, enriquecendo ainda mais como pessoa e poeta.  O Cordel expressa muito bem o amor de Paulo e o conhecimento histórico pela cidade. Obrigada por compor o cenário histórico da cidade. Obrigada ainda por enviar um pouco sobre sua pessoa e o maravilhoso cordel que nos ajuda a viajar no tempo. 

Sonho de menino
(Paulo Gondim)

Brejo santo dos meus sonhos de menino
Que achava engraçado a chuva 
A água caindo das biqueiras de “boca de jacarés”
Dos telhado das lojas, muitas lojas!

Menino vindo da roça, na cidade grande; muitas ruas
Em cada esquina, uma novidade
As lojas de autopeças, as sapatarias
As alfaiatarias; homens costurando

Os carros de boi passavam na cidade em sua lentidão
Levavam, lenha, tijolos, algodão
Quando vazios, menos pressa e muitos “bigus”
Faziam a alegria dos meninos sem destino
Iam aonde a imaginação e a oportunidade os levavam

E a cidade crescia e novas atrações apareciam
O parque de diversão, as festas, o “homem da cobra”
A feira trazia novidades nas bancas de missangas
Pentes, cadernos, óculos de graus e cachimbos
Frutas, muitas frutas, aos montes! Quem comprava tanto?

E a cidade ensaiava seu primeiro namoro com as escolas de grau
Turmas de estudantes enchiam as ruas
Novos doutores, novos professores
Novos poetas, até contadores de “estórias”

E se fez adulta, a vila que surgiu da água cristalina da nascença
Que bebeu água da cacimbinha
Que via a pedra do urubu apenas como pedra
Que viu a transformação da Rua Velha
Que viu o incêndio da usina
Que teve seu pastor, Padre Pedro
Que hoje é polo de cidades vizinhas
Que nasceu para liderar

O sol nasce por detrás da Serra do Poço
Banha-se nas águas do Açude do Atalho
E dá bom dia ao brejo-santense
Beija a torre da Igreja Matriz de paredes altas
E segue pelas ruas agitadas
Mais lojas, mais gente, mais brilho

E o meu sonho de menino de se realizou
E posso voltar e me encantar com tanta beleza
Tanta pujança, tanta esperança que renasce
Nas novas gerações que seguirão seus passos
Que se formarão, novos gestores, em construção
De Brejo Santo, a cidade de meu coração