terça-feira, 22 de junho de 2021

No Ceará, indígenas fecham rodovia em protesto contra Projeto de Lei que modifica demarcação de terras.


Indígenas da etnia Anacé mobilizam um protesto na BR 222, no km 22, em Caucaia, Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), contra o Projeto de Lei 490 que está para ser votado nesta terça-feira, 22, em Brasília.

Em pauta, o projeto altera a forma como é feita a demarcação de terras e transfere a responsabilidade desse tipo de ação para o Congresso. 

Equipes da Polícia Rodoviária Federal já estão no local e dialogam com os manifestantes. A passagem na pista tem sido permitida apenas para ambulâncias e carros funerários e a cada 10 minutos é liberada para o tráfego normal, como explica a professora indígena Sônia Cristina, uma das manifestantes. "O PL 490 está sendo votado e nós somos contra. Nós vamos perder nosso território, nossos lares, nossas casas. Os indígenas vão ficar sem lar, agricultores vão ficar sem onde plantar, os idosos na rua e as crianças sem escolas, porque elas são dentro do território indígena", comenta ela. 

Na prática, o Projeto de Lei, de acordo com site da Câmara dos Deputados, "estabelece que as terras indígenas serão demarcadas através de leis". Ou seja, a responsabilidade para determinar a demarcação das terras indígenas passará a ser do Congresso. No modelo atual, é o Governo Federal que decide a demarcação, por meio de ato administrativo executado pela Fundação Nacional do Índio (Funai). Além disso, o PL vai criar um criação de um marco temporal para delimitar o que são terras tradicionalmente ocupadas pelos indígenas.

Segundo Paulo França Anacé, do povo Anacé, a alteração vai, além de retirar as terras, facilitar a utilização do território para fins comerciais de empresas como mineradoras. "Caso seja aprovado, as demarcações, as terras que já foram definidas, tendem a ser tomadas e passadas ao empresariado, a grandes empresas que buscam lucro em cima de bens naturais", comenta ele.

*Da redação do BFJ, com O Povo.